Guggenheim de Berlim expõe Chillida e Tàpies
19 de julho de 2002Há mais do que a origem espanhola dos artistas unindo as obras de Eduardo Chillida e Antoni Tàpies. Há uma história semelhante de defesa do regional e de longa resistência ao domínio do franquismo. Ao mesmo tempo, o viés universal e o caráter atemporal são visíveis tanto na obra do catalão Tàpies quanto na do basco Chillida. O Museu Guggenheim de Berlim reúne a partir deste sábado (20) pinturas, desenhos e esculturas dos dois artistas, criadas entre 1953 e a década de 90.
Realismo -
A mostra destaca nas obras expostas a ligação entre a arte contemporânea e as influências culturais das regiões de onde vêm os artistas. O paralelismo entre os dois espanhóis procura ressaltar que o escultor Chillida e o pintor Tàpies trabalham em diferentes dimensões apenas no que diz respeito à forma. Em princípio, segundo a curadoria, ambos almejam um realismo além da reprodução tradicional da realidade.Enquanto Chillida consegue burilar o espaço através de cortes em seus blocos maciços, Tàpies faz do conceito da matéria o ponto central de sua arte. O artista catalão dá forma ao gesso, cimento, areia ou argila, criando uma zona de tensão entre superfícies vazias e objetos prontos, entre o acaso e a ordem. Desenvolvida a partir de influências do surrealismo, da arte povera e da tradição catalã, a obra de Tàpies é o resultado da inconfundível gramática visual criada pelo artista.
Luz - Chillida, por sua vez, cria peças monumentais que paradoxalmente emanam leveza e luz. Trata-se de um desafio ao sólido como tal. Ou da vitória da luz sobre o corpo. É visível na obra do artista o jogo sutil e harmônico entre a mão do escultor e a matéria esculpida.
A exposição no Museum Guggenheim, que expõe a obra dos dois mestres espanhóis e pode ser vista até o próximo 27 de setembro, reúne peças do acervo do Museu Guggenheim de Nova York e de colecionadores privados, entre eles da família Chillida.