Empresas brasileiras pagaram desfile, diz Guiné Equatorial
19 de fevereiro de 2015O governo da Guiné Equatorial declarou nesta quinta-feira (19/02) que a homenagem feita pela Beija-Flor durante o Carnaval no Rio de Janeiro foi uma iniciativa de empresas brasileiras que operam no país africano e não do Executivo ou da presidência.
"Esta iniciativa partiu das empresas brasileiras que operam na Guiné Equatorial, em conjunto com a escola Beija-Flor. Uma iniciativa que apoiamos, com material para o espetáculo e informação sobre o país, a sua arte e cultura. Também participou, juntamente com a escola de samba Beija-Flor, a companhia de bailado da Guiné Equatorial, Ceiba", afirma o comunicado assinado pelo ministro da Informação, Imprensa e Rádio, Teobaldo Nchaso Matomba.
O jornal O Globo noticiou, na semana passada, que o presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, ofereceu 10 milhões de reais à Beija-Flor, cujo desfile de Carnaval foi dedicado ao país que ele governa com mão de ferro há 35 anos. A Beija-Flor nega ter recebido ajuda financeira do governo africano. Além disso, a escola afirmou que o enredo tem um enfoque meramente cultural e não aborda o formato de governo do país, cujo regime ditatorial é acusado de violações dos direitos humanos.
A empreiteira Odebrecht, uma das empresas citadas como possíveis patrocinadoras por O Globo, emitiu nota afirmando que não deu dinheiro para o desfile da Beija-Flor e nunca sequer realizou obras no país africano. Outras empresas citadas, como a Queiroz Galvão e o grupo ARG, não se posicionaram.
Matomba também afirmou que Obiang não estava no Rio de Janeiro, mas em Camarões, participando de uma reunião para debater formas de combater o grupo terrorista Boko Haram. O ministro ironizou o jornal The Wall Street Journal e a agência de notícias AP por, segundo ele, terem conseguido o impossível: que Obiang estivesse em dois lugares ao mesmo tempo. Mas O Globo, citando a Polícia Federal, afirma que Obiang esteve no Rio, onde assistiu aos dois dias de desfile e foi escoltado por dez agentes federais.
AS/lusa/ots