Hamas e Fatah chegam a acordo para formar governo conjunto
23 de abril de 2014O partido palestino Fatah e a organização sunita Hamas reavivaram seu acordo de reconciliação, ao anunciarem um amplo consenso nesta quarta-feira (23/04), na Faixa de Gaza. O acordo inclui a formação de um governo de transição conjunto, dentro de cinco semanas, e eleições presidenciais e legislativas têm prazo de seis meses para se realizarem.
Em 2011 e 2012, o radical islâmico Hamas e o Fatah, considerado moderado, já haviam fechado acertos semelhantes, que, no entanto, nunca foram implementados. Suas negociações esbarraram em detalhes, como a discordância quanto a um candidato para a chefia de governo.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP), liderada por Mahmud Abbas e pertencente ao Fatah, só governa a Cisjordânia; enquanto na Faixa de Gaza o Hamas assumiu sozinho o controle, após uma sangrenta guerra com o partido adversário, em 2007.
O atual acordo prevê, ainda, que sejam integrados à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) tanto o Hamas e o grupo terrorista Jihad Islâmico da Palestina quanto diversas outras facções.
Em reação ao anúncio, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, impôs um ultimato a Abbas: "Ele precisa se decidir: quer uma reconciliação com o Hamas ou a paz com Israel? Ele só vai poder ter uma dessas coisas", declarou o premiê, durante encontro com o ministro austríaco do Exterior, Sebastian Kurz.
Israel, os Estados Unidos e outros países classificam o Hamas como organização terrorista, devido aos atentados perpetrados contra cidadãos israelenses. Também para a União Europeia, o braço armado do Hamas é uma associação dedicada ao terror.
Observadores confirmam que uma cooperação próxima entre o Fatah e o Hamas prejudicaria sensivelmente, ou mesmo condenaria ao fracasso, as negociações de paz com Israel, mediadas pelos EUA. Elas transcorrem desde julho de 2013 e têm fim programado para a próxima terça-feira, estando em aberto sua eventual continuação.
Os fundamentalistas do Hamas rejeitam qualquer diálogo com os israelenses e têm como meta a aniquilação do Estado israelense. Israel, por sua vez, exclui qualquer aproximação à organização radical islâmica.
AV/afp/ap/dpa/rtr