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Heckler & Koch aliciou políticos, diz TV alemã

22 de maio de 2018

Fabricante de armas alemã, que já está envolvida em processo por exportação ilegal, teria feito doações a partidos para influenciar a decisão de deputados sobre a venda de fuzis ao México.

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Um dos modelos mais populares da Heckler & Koch, o fuzil G36, é usado no Brasil pela Polícia FederalFoto: picture-alliance/dpa/P. Seeger

A fabricante de armas Heckler & Koch tentou fazer lobby junto a deputados alemães através de doações em dinheiro para seus partidos, segundo denuncia o programa investigativo Report Mainz, da emissora estatal ARD, que será transmitido nesta terça-feira (22/05).

A conclusão foi obtida por meio de e-mails do ex-diretor da empresa alemã Peter Beyerle. Ele ofereceu doações com o suposto objetivo de influenciar positivamente - ou ao menos acelerar - a decisão sobre a exportação de milhares de fuzis para o México.

O programa investigativo Report Mainz se baseia num relatório de auditoria interna, que a fabricante havia encomendado em 2011 à consultoria KPMG. Os produtores do programa tiveram acesso ao documento com exclusividade.

O relatório afirma que a Heckler & Koch ofereceu a dois deputados do Partido Liberal Democrático (FDP) envolvidos em questões de armamento 5 mil euros cada e teria transferido dinheiro para contas bancárias do partido, em forma de doação.

Além disso, a Heckler & Koch teria transferido 10 mil euros para a subdivisão regional de Rottweil da União Democrata Cristã (CDU). O membro mais proeminente desta jurisdição é o chefe da bancada da CDU no Parlamento, Volker Kauder.

A sede da Heckler & Koch está localizada no distrito eleitoral de Kauder. De acordo com a reportagem, o então presidente-executivo da Heckler & Koch escreveu para o deputado três semanas após a remessa e solicitou que ele o ajudasse a obter a esperada licença de exportação para o México.

"O Ministério Público de Stuttgart está conduzindo uma investigação preliminar de ex-funcionários da Heckler & Koch por suspeita de pagar propina a líderes políticos, que teriam sido subornados em 2009 e 2010 com o objetivo de que eles decidissem sobre a exportação de armas a favor da Heckler & Koch. Essa investigação ainda está em andamento", disse o promotor Heiner Römhild.

Vários diretores da Heckler & Koch estão atualmente sob julgamento por alegações de exportação ilegal de armas de guerra. O ex-presidente-executivo Beyerle é acusado de ser membro de uma quadrilha responsável por 12 exportações ilegais de armas ao México. Ao todo, 25 dias de processo estão planejados até o fim de outubro.

Marielle foi morta com uma Heckler & Koch

As armas da Heckler & Koch são usadas pelas principais forças especiais do mundo, mas também estão entre as favoritas de criminosos e de forças que violam direitos humanos. E uma das submetralhadoras produzidas pela empresa, segundo investigações, foi usada no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista em março.

O caso Marielle acendeu mais uma vez o alarme de ativistas que cobram controles mais severos para a exportação de armas pela Alemanha e o banimento de vendas para países acusados de violar direitos humanos.

Segundo apontou a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Marielle foi atingida por disparos de uma HK MP5, uma submetralhadora de uso restrito no Brasil. Teoricamente, só deveria ser encontrada nos arsenais das polícias Militar, Civil, Federal e de alguns grupamentos das Forças Armadas. Não está claro se a arma foi desviada de um desses arsenais. Não é raro que armas da H&K sejam encontradas em poder de criminosos no Brasil.

Não há registros detalhados sobre as últimas vendas da H&K ao Brasil. A empresa não informa sobre seus negócios no país. Dados do Departamento Federal de Controle Econômico e de Exportações também são vagos. Anualmente, o departamento divulga informes sobre exportações de armas da Alemanha, mas se limita a apontar o número de transações e os valores envolvidos – não há identificação de fabricantes e detalhes das armas. No caso do Brasil, o último relatório aponta 37 exportações para o país entre janeiro e abril de 2017, que envolveram mais de 10 milhões de euros.

PV/ard/dw

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