Heiligendamm, 'cidade branca'
21 de abril de 2007Os líderes dos sete países mais industrializados do mundo e o presidente da Rússia (G8), bem como os chefes de Estado e de governo do Brasil, da China, da Índia, do México e da África do Sul vão pisar um lugar "sagrado" durante a reunião do G8, de 6 a 8 de junho de 2007, no nordeste da Alemanha.
Conta a lenda que Heiligendamm ("dique sagrado"), o nome da sede do encontro, surgiu em atendimento a preces dos monges cistercienses de Doberan contra as violentas ressacas do Mar Báltico.
Heiligendamm é apenas um bairro de Bad Doberan, localizado a oeste de Rostock, em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, mas tem fama de ser o balneário marítimo mais antigo e mais elegante do país.
No passado, a nobreza prussiana vinha de Berlim até aqui para desfrutar a brisa do mar. O primeiro veranista e "fundador" do balneário foi Friedrich Franz 1º, duque de Meklemburgo-Schwerin, que em 1793 mandou construir as termas e, mais tarde, as mansões e os alojamentos.
Entre 1793 e 1870, foi erguida no local uma obra integral da arquitetura classicista, que, devido à cor branca das casas, passou a ser chamada de "cidade branca à beira-mar".
Após a Segunda Guerra Mundial, em 1949, passou abrigar uma escola técnica de arte, arquitetura de interiores, design gráfico e industrial, de móveis e de jóias.
Até 1990, a escola era usada no verão como colônia de férias por crianças da Alemanha Oriental e da Tchecoslováquia. As estadias de três semanas eram organizadas pelo ministérios da Cultura dos dois países.
Reformas e atritos
Deteriorado pela má administração comunista, o centro histórico do balnerário foi comprado em 1996 pelo grupo de investimentos Fundus e transformado no luxuoso Kempinski Grand Hotel Heiligendamm, de cinco estrelas, eleito "melhor hotel de beira-mar da Europa" no início deste ano.
Mas o preço do pernoite (entre 195 e 1000 euros) não é para qualquer banhista. Normalmente, apenas 40% dos quatros estão ocupados. Somente para o G8 o hotel está 100% reservado.
Os investimentos de 200 milhões de euros, realizados nos últimos dez anos, devolveram o brilho ao "dique sagrado". Mesmo assim, a relação entre os donos do hotel e os moradores locais é tensa, porque várias vias públicas foram "privatizadas" e interditadas, inclusive uma ciclovia européia que passava pelo centro.
O saneamento dos prédios não pertencentes ao hotel, prometido num acordo firmado em 2002, até agora não foi implementado. Em vez disso, em janeiro deste ano foi demolido um casarão histórico de 1854.
Cerca de proteção
Para proteger os participantes da cúpula do G8 contra protestos de adversários da globalização, está sendo construída uma cerca de 2,5 m de altura e 13 km de comprimento ao redor de Heiligendamm. O preço da obra é salgado: 15 milhões de euros.
O governo estadual acredita que o investimento na segurança do G8 será compensado pela publicidade que o balneário está tendo em função do encontro.
Afinal, Heiligendamm é uma das pérolas de um colar de balneários que se alinha na costa do Mar Báltico, de Ahrenshoop a Lubmin, de Binz à maior ilha alemã – Rügen – e Zinnowitz na ilha de Usedom.