Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, "tuita" na China
14 de fevereiro de 2012Cerca de 300 milhões de pessoas na China possuem um perfil em algum microblog da internet. E desde maio de 2011, o presidente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy, é um deles. A rede social Sina Weibo é o maior serviço de microblogs da China e, surpreendentemente, o que Herman Van Rompuy escreve em seu perfil desperta o interesse dos chineses.
Em sua terra natal, o presidente do Conselho da União Europeia não está entre as figuras políticas mais conhecidas. Provavelmente a maioria dos europeus até o desconheça. Mas na China, o belga é quase uma estrela do mundo virtual. Seu perfil no Sina Weibo é seguido por 185 mil internautas. Além disso, ele sequer escreve em mandarim, mas em inglês.
Entretanto, escrever na página do Sina Weibo já se tornou um hábito para Herman Van Rompuy. Ele justifica sua popularidade referindo-se à "sede de conhecimento", sobretudo por parte dos chineses jovens: "Eles se interessam pela Europa e pela pluralidade da cultura europeia. E como a maioria dos usuários do Sina Weibo é jovem, a ferramenta é um ótimo meio de comunicação".
Herman Van Rompuy quer sobretudo aproximar a geração jovem da Europa. Além disso, comentar as mensagens permite também um diálogo indireto. Por causa do sucesso que tem tido com as redes sociais, o presidente do Conselho da União Europeia espera também que outros políticos tentem alcançar a opinião pública chinesa por meio da internet. "Falarei com alguns dos meus colegas, para que eu não seja o único a me comunicar com a juventude chinesa."
Agenda e poesia
À primeira vista, as mensagens postadas por Herman Van Rompuy em seu perfil da rede social Sina Weibo parecem inofensivas: quando e para quais compromissos ele foi convocado, o que foi servido para o jantar em reuniões oficiais, e outros assuntos do gênero.
Porém ainda mais pessoais são as composições poéticas postadas em seu perfil. O presidente do Conselho da UE é adepto do Haikai, uma forma poética de origem japonesa que valoriza a concisão e a objetividade.
"Os chineses são curiosos e têm bastante interesse no exterior, no que pensam e fazem as lideranças do mundo. Principalmente porque políticos chineses não usam microblogs para se comunicar. Meus poemas sobre a China têm bastante aprovação. Acredito que o público chinês tem uma imagem positiva dos políticos que também se interessam por coisas como poesia ou filosofia, ou seja, que não são meros tecnocratas ou políticos", disse.
Para muitos desses "meros tecnocratas" chineses a rede social Weibo tem sido uma pedra no sapato. Por enquanto, se comparada com outros meios de comunicação, esse portal de internet tem permitido uma relativa liberdade de expressão.
A dinâmica dos microblogs tem surpreendido, por mais de uma vez, as autoridades chinesas. Por isso, já estão planejados reforços às medidas de censura. Uma delas será a proibição de registro nesse tipo de portal de internet sob nome fictício. Mas o presidente do Conselho da UE não acredita na possibilidade de se proibir completamente a rede social Weibo, principalmente devido à quantidade de usuários adeptos do microblog. Geralmente os internautas encontram divertidas e criativas formas de se expressar, apesar da censura regente.
"A China de hoje está se reinventando"
Com a popularidade de Herman Van Rompuy no Weibo, levanta-se a questão sobre o perfil de Van Rompuy no Twitter, rede social mais comum no Ocidente. Nesta, o belga tem apenas uma pequena parte dos seguidores que tem na China.
A pergunta que não quer calar é se os chineses se interessam mais pela Europa que os próprios europeus. Mas Herman Van Rompuy se mostra otimista: "Tenho cerca de 45 mil seguidores no Twitter, há um ano eu não tinha nenhum. Estamos recuperando o tempo perdido e acredito que exista um interesse pelo diálogo e interação com políticos, principalmente com os presidentes do Conselho da UE".
Autor: Florian Struth (br)
Revisão: Carlos Albuquerque