"Histeria climática" é a "despalavra" de 2019 na Alemanha
14 de janeiro de 2020"Klimahysterie" (histeria climática) foi escolhida como a pior palavra de 2019 na Alemanha, anunciou o júri da "Unwort des Jahres" ("despalavra do ano") nesta terça-feira (14/01).
A expressão visa "difamar os esforços e o movimento de proteção climática e desacreditar os debates" sobre o tema, afirmou o júri de linguistas da Universidade Técnica de Darmstadt.
Num ano marcado pelo movimento Greve pelo Futuro, iniciado pela adolescente ativista sueca Greta Thunberg, muitos analistas e políticos tentaram rejeitar a emergência global como histeria coletiva.
Por exemplo, Alexander Gauland, importante político do partido alemão de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), declarou em junho do ano passado: "A AfD não participará da histeria climática dos outros partidos."
Expressão depreciativa do ano
A "despalavra do ano" visa destacar o uso da linguagem pela mídia e promover a conscientização de palavras que violam a dignidade humana e os princípios da democracia ou levam à discriminação.
Escolhida no país desde 1991, a "despalavra" de ordem política foi selecionada pela Sociedade da Língua Alemã até 1994, quando um júri independente em Darmstadt assumiu o projeto anual. Qualquer pessoa pode propor uma palavra e cabe ao júri tomar a decisão final.
Segundo os cinco responsáveis pela seleção da "despalavra" entre sugestões enviadas ao colegiado pela população alemã, expressões linguísticas se tornam "despalavras" por serem pronunciadas de forma irrefletida ou com intenções dignas de crítica num contexto público.
Ao longo do ano passado, os jurados receberam 671 propostas do público, somando 397 expressões diferentes, incluindo "Bauernbashing" (crítica aos agricultores), "Bevölkerungsexplosion" (explosão populacional), "Ökodikatur" (ecoditadura) ou "Ethikmauer" (muro ético).
Em 2017, a "despalavra do ano" foi "Alternative Fakten" ou "fatos alternativos", expressão inspirada em Donald Trump, enquanto em 2016 o termo "Volksverräter" ("traidor do povo") apareceu no topo, com o júri observando que essa expressão é um "legado de ditaduras", como a era nazista na Alemanha. Volksverräter foi usada, por exemplo, em agosto de 2016 por manifestantes de direita contra o então ministro alemão da Economia e vice-chanceler alemão, o social-democrata Sigmar Gabriel.
CA/dpa/afp/dw
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