Laranja forte
3 de julho de 2010"O milagre de Port Elizabeth". Com esta manchete, o jornal holandês De Telegraf resumiu o sentimento dos torcedores do país em relação à vitória por 2 a 1 sobre o Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo. "Finalmente a Laranja acertou as contas com a 'síndrome do Brasil', completou o jornal.
O mais entusiasta dos jornais holandeses foi o Allgemeen Dagblad: "Laranja mostra pique de campeã", foi a manchete. "Depois da vitória sobre os divinos canarinhos, os Países Baixos estão invictos há 24 jogos. A última vez em que a Laranja perdeu foi em 6 de setembro de 2008, mas foi apenas o segundo jogo sob (o comando do técnico) Bert van Marwijk", completava o texto.
Outro jornal, De Volkskrant, destacou a capacidade da seleção holandesa de buscar o resultado na etapa final, depois de um primeiro tempo amplamente dominado pelo adversário. "Os velhos valores do futebol holandês – força ofensiva e coragem – vieram junto com o novo padrão de boa organização e força mental", elogiou o texto.
Fim de uma era
Do lado brasileiro, também houve quem destacasse este aspecto dos adversários. O diário Zero Hora escreveu que a seleção "sucumbiu à frieza holandesa". Foi o que faltou ao Brasil, que não soube segurar a vantagem de 1 a 0 do intervalo e teve ainda Felipe Melo expulso numa agressão a Robben.
No entanto, o que esta derrota realmente representou para os brasileiros foi o fim da Era Dunga, o que foi representado em vários jornais. Depois da partida, o treinador deu a entender que não tem interesse em ficar na seleção e que outra pessoa será responsável pelo projeto para 2014, quando o país sediará o Mundial.
"Desde que cheguei à seleção todo mundo já sabia que seria para ficar quatro ano." Durante os últimos quatro anos, eu fiquei muito feliz por treinar esta seleção brasileira e se você olhar na cara dos jogadores, vai entender o que eles estão sentindo, disse Dunga depois do jogo. "Acho que a culpa é de todos nós e eu levo a maior parte", completou.
O Uruguai comemora
Nas semifinais, a Holanda enfrenta o Uruguai. Um duelo interessante, pela história das duas seleções. O país sul-americano foi campeão em 1930 e 1950, mas já não aparecia entre os quatro melhores desde 1970. Naquela época, a Holanda era inexpressiva no futebol internacional. Porém, de lá para cá, se tornou uma potência, chegando a duas finais e uma semifinal. Chegou à África do Sul entre as favoritas, ao contrário do próximo adversário.
O Uruguai, de certa forma, já tem motivos para comemorar. A classificação para as semifinais foi dramática. O jogo contra Gana terminou 1 a 1 no tempo normal. No último minuto da prorrogação, para evitar um gol, o atacante Luís Suarez teve que pôr a mão na bola em cima da linha. Ele foi expulso, mas como Asamoah Gyan perdeu o pênalti, o empate persistiu. Na disputa por pênaltis, vitória uruguaia por 4 a 2.
Suarez se tornou um herói inusitado, quase um mártir, já que está suspenso para o próximo jogo. Mas seu país soube reconhecer seu sacrifício. "Viva as mãos de Suárez", escreveu o jornal El País. "Não poderia ser mais dramático... Mas a 'mão de Deus' expulsou Suárez", disse La República. "Tantos milagres não eram possíveis. E aconteceram", deu o Ultimas Noticias, em manchete.
Por outro lado, o continente-sede fica sem representantes. O Citizen, da África do Sul, expressou a tristeza dos donos da casa: "Gana amargamente decepcionada! O Uruguai foi o estraga-prazeres e acabou com o sonho de Gana de ganhar a Copa numa noite dramática no Soccer City. Gyan poderia ter classificado seu time, mas deu uma segunda vida ao Uruguai. Sebastián Abreu [que cobrou o último pênalti] partiu o coração de todo um continente".
TM/dpa/sid/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer