Holanda rejeita acordo europeu com a Ucrânia
7 de abril de 2016Em referendo, os holandeses rejeitaram nesta quarta-feira (06/04) o acordo de livre comércio assinado entre a União Europeia (UE) e a Ucrânia em 2014. Segundo agência de notícias holandesa ANP, 61,1% dos eleitores votaram contra o tratado e 38% foram a favor. A contagem dos votos já foi apurada em 99,8% das urnas.
Resta ainda a dúvida se o número de pessoas que foram às urnas será suficiente para atingir o mínimo de 30% do eleitorado necessário para validar a votação. De acordo com a ANP, porém, a participação eleitoral chegou a 32,2%. Dessa maneira, o referendo é válido e deve ser levado em conta pelo governo do primeiro-ministro Mark Rutte.
O resultado do referendo não é vinculativo, mas, numa reação inicial, Rutte disse que não é possível simplesmente ignorá-lo. "Se a participação é superior a 30%, com essa grande vitória para o 'não', você não pode simplesmente seguir adiante e ratificar o acordo", disse Rutte, ressaltando, no entanto, que discutirá a decisão com seu gabinete e os Parlamentos holandês e europeu nas próximas semanas.
O resultado foi festejado por grupos eurocéticos. "Parece que o povo holandês disse não à elite europeia e não ao acordo com a Ucrânia. Começa o fim da UE", disse o político holandês de extrema direita Geert Wilders, líder do Partido para a Liberdade (PVV).
A Holanda é o único dos 28 países-membros do bloco que ainda não ratificou o acordo comercial com a Ucrânia. O documento já havia sido aprovado pelas duas Casas do Parlamento holandês, mas a ratificação foi suspensa até o resultado do referendo.
Críticas à adesão da Ucrânia
Os críticos ao acordo que regula as transações comerciais entre Kiev e Europa temem que ele resulte na adesão da Ucrânia ao bloco, à qual são contra. Eles também alegam que a UE que não deveria estar negociado com o governo ucraniano devido aos escândalos de corrupção no país.
Recentemente, os documentos revelados pela série de reportagens "Panama Papers" mostraram que o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, possui dinheiro em empresas offshore.
Esse foi o primeiro referendo na Holanda desde que a população rejeitou a Constituição europeia, em 2005.
CN/ap/afp/lusa