Homenagem às vítimas dos ataques em Hanau
5 de março de 2020A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente Frank-Walter Steinmeier, entre outras autoridades, participaram nesta quarta-feira (04/03) de uma homenagem às vítimas do ataque de motivação racista em Hanau, que deixou nove mortos.
Em seu discurso, Steinmeier classificou o ato de violência como um "ataque à sociedade pacífica" e um "ato brutal de violência assassina". Ele destacou que o massacre em Hanau deve servir como lembrança da "pré-história alemã de exclusão e discriminação contra pessoas de origem migratória ou muçulmana".
"Sim, o racismo existe em nosso país, e não apenas há poucas semanas. Sim, há uma hostilidade disseminada contra muçulmanos", disse Steinmeier, acrescentando que "pessoas de pele mais escura ou com a cabeça coberta por véus vivenciam discriminações".
Ele, porém, ressaltou que esse tipo de comportamento é praticado apenas por uma minoria, e pediu que a maioria silenciosa combata tais sentimentos onde quer que venham a surgir.
"Nossos valores fundamentais, nossa liberdade, nossa paz, nada disso está seguro sem nós mesmos", afirmou. "A democracia não vive por que a Constituição assim determina. Ela vive e perdura se nós a quisermos e se sairmos em sua defesa, contra aqueles que querem colocá-la sob questionamentos ou comprometê-la. Devemos defendê-la ativamente."
"Não há cidadãos de segunda categoria", disse Steinmeier. "Não há graus diferentes em ser alemão", ressaltou, acrescentando que todos no país "devem poder viver em paz e segurança".
O prefeito de Hanau, Claus Kaminsky, também exaltou as vítimas do ataque, afirmando que "todos eles ajudaram a dar forma a essa cidade, todos pertenciam a essa cidade, todos são cidadãos de Hanau". Ele anunciou que será erguido um monumento no principal cemitério da cidade para que os nomes e o martírio das vítimas jamais seja esquecido.
O agressor, identificado como Tobias R., de 43 anos, matou nove pessoas em dois bares de narguilé em Hanau no dia 19 de fevereiro. Horas mais tarde, ele foi encontrado morto em sua casa, junto ao cadáver de sua mãe. A polícia ainda investiga a hipótese de que ele a tenha matado antes de tirar a própria vida, logo após os ataques. Na cerimônia, Steinmeier leu os nomes de todas as vítimas, incluindo também a mãe do atirador.
Segundo o promotor federal Peter Frank, todas as vítimas tinham origem migratória, sendo estrangeiros ou nascidos na Alemanha. A Promotoria concluiu que o atirador possuía uma "mentalidade profundamente racista".
RC/dpa/kna
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