Homens da Alemanha têm medo de constituir família
29 de junho de 2006Uma pesquisa da Fundação Robert Bosch revelou que "os homens da Alemanha estão com medo de construir famílias". Dentre eles, 25% não desejam crianças, e o mesmo se aplica a uma em cada sete mulheres. No Leste do país, a taxa é mais baixa: apenas uma entre dez não quer ter filhos.
O estudo se baseou nas respostas de 10.017 entrevistados. Segundo os responsáveis, ele é representativo até dos menores grupos populacionais do país.
Homens e mulheres também diferem quanto ao número de crianças que estão dispostos a ter. A média dos homens é 1,59, contra 1,75 entre as mulheres. Ambos os índices, contudo, ainda são mais altos do que a taxa de natalidade atual, de apenas 1,37 criança por mulher.
Sob pressão
Segundo Ingrid Hamm, diretora-gerente da Fundação Robert Bosch, uma outra razão para esse quadro é a pressão profissional e econômica reinante na Alemanha.
Após um longo período de estudos, as pessoas "têm que fazer tudo de uma vez só, entre os 30 e os 40 anos de idade: construir uma casa, seguir carreira e poupar para a aposentadoria". Hamm conclui: "Toda esta pressão acaba fazendo-as adiar os filhos para mais tarde, ou para nunca mais".
As mulheres também são confrontadas com uma perda de controle econômico sobre suas vidas, caso optem por um bebê. Essa perda é tão mais sensível num país próspero como a Alemanha.
Outro fator é a falta de fé no futuro. "Na Alemanha, perdemos o sentimento de que tudo acabará dando certo no fim. Os alemães tendem a se preocupar bem mais do que as outras pessoas", explica Ingrid Hamm.
Muitos filhos prejudicam status social
Ela chama a atenção para a diferença entre as duas metades do país. "Na antiga Alemanha comunista, as crianças estavam em todo o lugar. Tanto mães como pais trabalhavam, e as crianças do Leste cresceram com a imagem de que é possível ser progenitor e empregado, ao mesmo tempo."
Os entrevistados confirmaram que gostariam que o Estado criasse melhores condições para se iniciar uma família. Entre estas, consta um maior apoio financeiro, melhores esquemas de cuidado infantil (creches e jardins-de-infância) e mais empregos de meio expediente para os pais.
Hamm acrescenta que ter filhos é apenas um entre diversos valores na sociedade alemã, e não uma prioridade. Crianças não contribuem para o status, pelo contrário: famílias numerosas são vistas com olhos críticos, enquanto "é perfeitamente aceitável, do ponto de vista social, não ter filhos".