Hong Kong vai às urnas em eleições "só para patriotas"
19 de setembro de 2021A elite política de Hong Kong foi neste domingo (19/09) às urnas para escolher os membros de um poderoso comitê que nomeará o próximo chefe do governo da cidade e quase metade da nova legislatura. A votação ocorreu sob um novo sistema imposto pela China e sob o lema "apenas para patriotas".
"Esta é uma eleição importante, embora o número de pessoas que podem participar não seja alto", admitiu a repórteres a atual líder da cidade, Carrie Lam, acrescentando que o novo sistema garante que "os antichineses responsáveis por causar problemas" não poderão mais "obstruir" o governo.
"Todo o objetivo de melhorar o sistema eleitoral é garantir que patriotas administrem Hong Kong", disse Carrie Lam neste domingo. “Duvido muito que outro governo ou país permita a eleição pública para sua legislatura local de pessoas cuja missão é minar o interesse nacional ou a segurança nacional”, acrescentou.
Embora o centro financeiro nunca tenha sido uma democracia, o que motivou anos de protestos, tolerou por algum tempo a presença de uma oposição pequena e ativa depois que a China assumiu o controle regional, em 1997.
Mão pesada de Pequim
Mas grandes manifestações pró-democracia estouraram há dois anos, às vezes com violência, e Pequim respondeu com mão pesada, impondo um novo sistema político que só permite que pessoas consideradas leais ocupem cargos públicos.
A primeira votação seguindo o novo sistema, sob o lema "os patriotas governam em Hong Kong" deste domingo habilitou cerca de 4.800 habitantes de Hong Kong a elegerem o novo comitê eleitoral. Em 2016, antes da reforma, cerca de 233 mil habitantes de Hong Kong podiam votar na cidade, que tem população de 7,5 milhões.
O comitê eleito neste domingo deve nomear em dezembro 40 dos 90 legisladores da cidade. Outros 30 serão escolhidos por grupos de interesses especiais e apenas 20 sairão por eleição direta. Um ano depois, o comitê escolherá o próximo chefe do governo local, a ser aprovado por Pequim.
A China insiste que o novo sistema é mais representativo e que com ele será possível garantir que "elementos antichineses" não cheguem a cargos públicos.
Mas os críticos do sistema dizem que ele não dá espaço à oposição pró-democracia e que fez de Hong Kong um espelho do sistema autoritário da China, sob o governo do Partido Comunista.
A China havia se comprometido a manter as liberdades fundamentais e a autonomia de Hong Kong por 50 anos após assumir o controle das mãos britânicas. Mas depois dos protestos de 2019, Pequim começou a transformar a cidade em algo mais parecido com o autoritarismo que vigora no continente.
md (AFP, Ap, Reuters)