Hormônio em carne suína protagoniza novo escândalo
6 de julho de 2002Mal da vaca louca, febre aftosa, uso de antibióticos e hormônios proibidos na criação de animais, ração contaminada. A seqüência de escândalos na indústria agropecuária européia parece não ter fim. Esta semana estourou mais um. Como já em outros casos, o fio da meada leva a uma empresa belga, propriedade de dois holandeses. Um deles foi preso na noite de sexta-feira.
Estabelecida em Aredonk, na fronteira da Bélgica com a Holanda, a Bioland aplicou, em maio, o hormônio MPA na produção de xarope de glucose. Análises de laboratório constataram a presença da substância. Apesar do uso de hormônios ser proibido na engorda de animais, toneladas do xarope foram vendidas a dois clientes na Holanda, fabricantes de ração para porcos. De acordo com o jornal flamengo De Morgen, também um fabricante de bebidas recebeu o xarope com hormônio.
Agora, mais de 40 criadores de porcos estão sob observação das autoridades holandesas. Na Bélgica, a fiscalização está de olho em seis estabelecimentos, que importaram 5500 leitões do país vizinho. No entanto, exames na carne não identificaram a presença de MPA. Órgãos de defesa do consumidor acreditam que a quantidade ingerida por cada animal é tão ínfima que não oferece riscos à saúde.
Alemanha não descobre paradeiro dos porcos
Cerca de 7,5 mil leitões, possivelmente contaminados pela ração com hormônio, foram exportados para a Alemanha. A maior parte para o estado da Renânia do Norte-Vestfália. No entanto, não se conseguiu ainda precisar o destino deles. Supõe-se que os animais já tenham sido abatidos e sua carne consumida. O rastreamento é difícil, pois não existe exigência legal de certificação de origem no comércio de carne suína, tal como há para a bovina, desde o escândalo da vaca louca.
Indignada, a secretária estadual de Defesa do Consumidor quer penas de prisão e multas mais rigorosas para casos como este. "Pessoas com potencial criminoso têm de ter medo de serem flagradas", diz Bärbel Höhn, do Partido Verde. Por sua vez, a Secretaria de Agricultura do estado da Baixa Saxônia revelou ter interditado uma unidade criadora de porcos, que recebeu 37 toneladas da ração contaminada.
Segundo jornais belgas, a empresa Bioland – que faliu no mesmo mês da irregularidade e nada tem a ver com a associação homônima de agricultura orgânica da Alemanha – não possui sequer autorização para produzir rações ou insumos para sua fabricação, apenas para reaproveitamento de resíduos da indústria de doces e lixo medicinal.