Hotel do romance policial
16 de outubro de 2010Chegar à pequena Hillesheim não é uma tarefa nada fácil, principalmente para quem depende de ônibus e trens como meio de transporte. Contudo, é justamente ali que se encontra o Krimihotel, o primeiro da Alemanha inspirado nos mais renomados agentes secretos do cinema e da literatura. E não é por acaso: a cidadezinha foi escolhida pelos amantes do gênero como a "capital dos romances policiais" do Eifel. Após um check-in na recepção, os hóspedes do Krimihotel são acomodados em um dos quartos temáticos do estabelecimento – como o de James Bond, por exemplo.
Bem próximo do 007
Primeiro obstáculo: Na porta, um aviso diz "Não toque". Ao centro encontra-se um botão, semelhante a uma pequena campainha. Se o hóspede ainda assim ousar pressioná-lo, uma voz entoa: "Meu nome é Bond. James Bond". Ao entrar no quarto, a recepção é feita por uma estátua em tamanho original da famosa bondgirl do filme 007 contra Goldfinger – a icônica loura de biquíni com corpo coberto de dourado. E sobre a cama, na parede, está o próprio agente: em uma tela, a clássica silhueta de James Bond remete à abertura do filme.
O cômodo é dividido em dois ambientes por uma cortina de contas brilhantes, que formam um dégradé com as cores do arco-íris. Um ambiente típico dos anos 60. Ao atravessar para o outro lado, dúzias de pôsteres decoram as paredes: trata-se dos cartazes de todos os filmes do 007, desde o início até hoje.
O quarto é apenas um dos dez cômodos temáticos do primeiro hotel alemão baseado em romances policiais. Desde meados de setembro, os fãs de suspense têm a possibilidade de imergir no mundo dos seus heróis: Hitchcock, Comissário Maigret, Derrick, Miss Marple ou Edgar Wallace. Todos os quartos são equipados com os respectivos adereços.
"Elementar, caro Watson!"
Alguns cômodos adiante, a hóspede Marianne König passa a noite no Krimihotel em comemoração ao dia do seu casamento. Para agradar o marido, ela optou pelo quarto de Sherlock Holmes. Mas não foram as obras do escritor Sir Arthur Conan Doyle que atraíram o casal e sim um hábito característico do detetive: seu famoso cachimbo. Vez ou outra, o marido de König também gosta de acender um, o que levou optar pelo cômodo.
As antiguidades trazem uma atmosfera particular ao ambiente. Uma imagem do detetive também figura pendurada diretamente sobre a cama e, em cima da mesinha de cabeceira, repousa o cachimbo de Sherlock. "São pequenos acessórios, conectados, e tudo faz com que a gente se sinta um pouco deslocado no tempo", relata Marianne König.
À procura de um diferencial
Com sua fachada de mais de 100 anos de idade, duas pequenas torres laterais e janelas salientes, o tradicional hotel parece ter sido feito para se tornar o Krimihotel, afirma o diretor do empreendimento, Christoph Böhnke. Sua ideia, no entanto, não é completamente nova: pelo contrário, ele está seguindo uma tendência da indústria hoteleira.
A demanda atual do ramo não é mais por pernoites comuns, em hotéis normais; as pessoas procuram vivenciar algo, estão em busca de um diferencial, explica Böhnke, que particularmente também é fã de James Bond.
Além dos quartos temáticos, o hotel oferece ainda um extenso programa para os seus hóspedes. No lounge do estabelecimento, são realizadas leituras regulares de romances policiais e também é possível se inscrever para diferentes passeios ligados à temática ou ainda ocasionais workshops, nos quais os casos de mistério precisam ser solucionados pelos próprios participantes.
Apreciadora do gênero, Marianne König aproveita a chance para seguir as pistas de um dos seus autores favoritos: Jacques Berndorf. No final dos anos 80, o ex-jornalista começou a escrever romances policiais e elegeu a região de Eifel como cenário para as suas histórias. Atualmente, suas publicações já ultrapassam a marca dos quatro milhões de exemplares. Juntamente com outros autores, como Ralf Kramp, o escritor conseguiu criar um gênero próprio: o dos romances policiais da região do Eifel. Tema, é claro, de mais um dos quartos do Krimihotel.
Autora: Anggatira Gollmer (mdm)
Revisão: Simone Lopes