HRW denuncia trabalho infantil na Cisjordânia
13 de abril de 2015A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) divulgou nesta segunda-feira (13/04) um relatório em que denuncia o uso de mão de obra infantil na Cisjordânia. Segundo o documento de 74 páginas, agricultores israelenses estão empregando palestinos menores de idade.
"Assentamentos israelenses estão se beneficiando com a violação dos direitos de crianças palestinas", disse a diretora da HRW para o Oriente Médio e Norte da África, Sarah Leah Whitson.
Os autores do relatório entrevistaram 38 crianças e 12 adultos. Com base nos relatos, a organização de direitos humanos com sede nos EUA concluiu que colonos israelenses estão empregando crianças com menos de 15 anos, idade mínima para vínculo empregatício.
Esses menores estão sendo submetidos principalmente a duras condições de trabalho no setor agrícola. De acordo com o estudo, as crianças recebem apenas 19 dólares por dia, bem abaixo do salário mínimo israelense, de 6,20 dólares por hora. Os entrevistados afirmaram que os jovens trabalhadores têm entre 13 e 14 anos, e alguns, até 11 anos de idade.
A diretora do HRW culpou as políticas israelenses pelo trabalho infantil entre a população palestina na Cisjordânia. "Crianças de comunidades empobrecidas pela discriminação e política de assentamento de Israel estão abandonando a escola e realizando trabalhos perigosos, porque sentem que não têm alternativas. Enquanto isso, Israel fecha os olhos", disse Whitson.
Em particular, o relatório citou a política israelense que restringe a atividade agrícola palestina em favor do zoneamento para colonos israelenses.
Por outro lado, o chefe do Conselho Regional do Vale do Jordão, David Elgayani, afirmou à rádio do Exército de Israel que tudo não passa de uma "mentira horrível". "Não há justificativa para o emprego de crianças, não apenas moralmente e legalmente, mas também financeiramente", disse. O governo de Israel ainda não se manifestou sobre alegações.
Uma série de governos em todo o mundo tem criticado repetidamente Tel Aviv por suas atividades na Cisjordânia, especialmente pela recusa em suspender a construção de assentamentos. Disputas contínuas envolvendo o controverso terreno também têm dificultado o avanço das negociações de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina.
PV/ap/dpa