Problemas no leste
24 de fevereiro de 2009Depois da Polônia, foi a vez de a Hungria anunciar nesta terça-feira (24/02) seu desejo de ingressar o mais rápido possível na zona do euro. "Seria uma possível reação aos desafios da crise financeira", afirmou em Bruxelas o primeiro-ministro húngaro, Ferenc Gyurcsány, após encontro com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Gyurcsány disse que seu governo quer cumprir todos os requisitos necessários para adotar a moeda comum europeia, mas que o processo deveria ser acelerado. Ele questionou a necessidade de a moeda húngara ter de passar por uma fase de testes de dois anos para comprovar sua estabilidade.
Esse período é, ao lado de diretrizes sobre endividamento público e inflação, um dos pré-requisitos para a adoção do euro. Durante dois anos, a moeda local pode flutuar apenas 15% para mais ou para menos em relação ao euro, o que seria uma prova de estabilidade na economia do país-candidato.
Zloty e florim em queda
Gyurcsány argumentou que é também do interesse da União Europeia (UE) apoiar os países-membros no caminho para a adoção do euro. Segundo ele, a crise mostrou que a moeda comum é a melhor proteção contra problemas cambiais. "Enfrentamos dificuldades muito sérias", afirmou.
No final do ano passado, a Hungria necessitou de uma ajuda externa de 20 bilhões de euros do FMI, do Banco Mundial e da União Europeia para estabilizar a economia. Desde o início de 2009, o florim húngaro e o zloty polonês já se desvalorizaram mais de 10% em relação ao euro. No caso do zloty, a queda em relação ao valor de meados de 2008 chega a 30%.
Na terça-feira, o ministro das Finanças da Polônia, Ludwik Kotecki, comunicara que pretende começar oficialmente em março as negociações para ingresso na zona do euro. O objetivo do país é iniciar em maio ou junho o processo de conversão que antecede a adoção da moeda comum. A Polônia almeja fazer parte da zona do euro até 2012.
Ajuda ao Leste Europeu
Na semana passada, o comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquín Almunia, disse que a União Europeia está apoiando os países do Leste Europeu que se encontram em dificuldades devido à crise econômica mundial. "Tentamos ajudar quem precisa de ajuda", disse Almunia.
Países que não adotaram o euro podem dispor de recursos da chamada ajuda ao balanço de pagamentos para equilibrar suas contas. A Comissão Europeia elevou recentemente a verba dessa linha de auxílio de 12 bilhões para 25 bilhões de euros. "Mais de 9 bilhões foram repassados à Hungria e à Letônia", assegurou Almunia.
Os países-membros podem ainda dispor de recursos dos fundos estruturais e de coesão, pelos quais estão disponíveis mais de 300 bilhões de euros para o período entre 2007 e 2013. Com esse dinheiro, a União Europeia fomenta países e regiões menos desenvolvidos do ponto de vista econômico.
Auxílio por meio de bancos
A União Europeia também ajuda os países-membros por meio do Banco Europeu de Investimentos (BEI) e do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD). O primeiro pertence aos países-membros, possui uma excelente reputação no mercado de capitais e tem, com isso, fácil acesso a dinheiro barato.
As baixas taxas de juros são repassadas a empresas e projetos apoiados pela UE, como, por exemplo, aqueles que melhoram a proteção ambiental ou aceleram o desenvolvimento econômico de regiões mais atrasadas.
O BERD trabalha de maneira semelhante, apoiando países do centro e do leste da Europa no caminho para a economia de mercado. Ele é voltado prioritariamente para empresas, mas também auxilia bancos.