Hungria suspende venda de gás à Ucrânia
26 de setembro de 2014A União Europeia (UE) criticou a Hungria nesta sexta-feira (26/09) pela suspensão do abastecimento de gás à Ucrânia, aumentando temores de uma possível disputa, às vésperas do inverno no hemisfério norte, em torno de um combustível usado para a calefação na Europa.
Segundo a operadora de gás húngara FGSZ, o abastecimento para a Ucrânia foi cortado por tempo indeterminado a fim de que sejam feitos ajustes técnicos que garantam o suprimento da demanda interna, que tem prioridade.
A suspensão foi anunciada um dia depois de o primeiro-ministro húngaro, Victor Orban, ter obtido garantias por parte da empresa russa Gazprom de aumento do volume de gás exportado, e depois de o ministro russo da Energia, Alexander Nowak, ter ameaçado com cortes os países que repassarem gás para a Ucrânia. "Os contratos firmados não preveem a reexportação", declarou.
A Hungria cobre cerca de 80% de suas necessidade de gás com importações da Rússia. O gás passa por um pipeline que atravessa território ucraniano. Críticos acusam o governo de Orban de se posicionar ao lado da Rússia no conflito com a Ucrânia.
Mais pressão sobre Ucrânia
Além da Hungria, a Polônia e outros países europeus passaram a vender gás para a Ucrânia desde que a Rússia interrompeu o abastecimento para a ex-república soviética, em junho passado, alegando como causa a alta dívida dos ucranianos e o interesse russo em cobrar preços mais altos. A maior motivação para o corte, porém, está relacionada às disputas políticas e territoriais que envolvem os dois países.
Apesar das contestações de Moscou de que os países europeus estariam impedidos, por contrato, de repassar gás russo para a Ucrânia, a UE alega que o chamado fluxo reverso é legal e espera que todos os países-membros ajudem a abastecer os ucranianos.
A suspensão do abastecimento de gás da Hungria para a Ucrânia ocorreu sem aviso prévio, segundo Kiev, nesta quarta-feira – um dia antes da reunião de ministros da Energia da Rússia e da Ucrânia, em Berlim, a fim de buscar uma saída para o problema do abastecimento de gás na Ucrânia. O encontro está sendo mediado pelo comissário europeu da Energia, Günther Oettinger.
A contenda preocupa vários países europeus porque boa parte do gás russo que abastece o continente é transportada por gasodutos que cortam o território ucraniano.
"Os suprimentos de gás e energia europeus e ucranianos estão bem conectados uns com os outros. O inverno está chegando, o tempo está correndo", disse a chanceler federal alemã, Angela Merkel, nesta semana.
Em 2012, 24% do gás usado pelos países da UE veio da Rússia, segundo a associação do setor Eurogas. Metade deste montante foi transportando por gasodutos ucranianos. Mais da metade de todo o gás que abasteceu a Ucrânia no ano passado foi fornecido pelos russos.
MSB/ap/afp