Há 4 mil anos em busca do homem ideal
6 de setembro de 2017Quando as mulheres resolvem fundar uma família, elas tomam a iniciativa. Se o homem dos sonhos não estiver nas redondezas, é preciso procurá-lo em outro lugar. Tal princípio parece valer tanto para hoje quanto para 4 mil anos atrás, apontam cientistas.
Com base em inúmeros esqueletos, pesquisadores de diversos institutos alemães descobriram que na Idade do Bronze mulheres jovens, a partir dos 17 anos de idade, empreendiam longas jornadas para fundar uma família. Os resultados dessas pesquisas foram publicados pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS).
"Tudo aponta para o fato de que na Idade do Bronze as mulheres apresentavam extrema mobilidade", afirma Philipp Stockhammer, da Universidade Ludwig Maximilian de Munique. Segundo o pesquisador, isso já havia sido indicado por estudos anteriores.
No entanto, prevalece a ideia de que o homem partia para terras estrangeiras como guerreiro, enquanto as mulheres permaneciam em casa. Stockhammer, principal autor do novo estudo, assegura que exatamente o oposto é verdadeiro. "Entre os homens, não encontramos quase nenhuma prova comparável."
O pesquisador considera o assunto extremamente empolgante, e não somente pelo fato de as mulheres terem inconscientemente contribuído para uma renovação do pool genético. Ele também presume que elas tenham levado muitos conhecimentos para regiões distantes – sobre instrumentos ou técnicas de trabalhar metais, por exemplo.
As jovens mulheres analisadas – cujos esqueletos foram encontrados em cemitérios no vale de Lechtal, entre a Baviera e a Áustria – vieram de áreas densamente povoadas, possivelmente da região entre as atuais cidades de Leipzig e Halle, ou da Boêmia. Segundo Stockhammer, na época, essas regiões eram bastante desenvolvidas no campo da metalurgia. Provavelmente, as mulheres percorriam a pé o caminho até o vale de Lechtal, que somava de 500 a 600 quilômetros.
Como os cientistas sabem de onde elas vieram? Seus molares revelam isso. Isso porque, nos primeiros anos de vida, todos os seres humanos acumulam pequenas quantidades de estrôncio nos ossos e dentes, onde o elemento químico permanece até muito depois da morte. Mesmo milhares de anos mais tarde, os cientistas podem dizer, com base no estrôncio contido nos dentes, o que uma pessoa comeu e de onde ela veio.
Um aspecto curioso é que, em Lechtal, não foi encontrado nenhum descendente das mulheres migrantes. De acordo com Stockhammer, é improvável que as mulheres não tenham tido filhos. Ele suspeita que essas crianças tenham sido enviadas para outros lugares, para levar conhecimentos ou se conectar com outras pessoas. Isso nunca será completamente esclarecido, mas Stockhammer afirma estar convencido de que os esqueletos ainda irão revelar segredos emocionantes.