Impasse sobre escolha de presidente prolonga incerteza na Itália
18 de abril de 2013O Parlamento italiano não conseguiu nesta quinta-feira (18/04), em duas votações, chegar a um consenso para eleger o novo presidente. O fracasso expôs as divergências dentro da centro-esquerda, de Pier Luigi Bersani, e estendeu por pelo menos mais um dia o impasse político, que ameaça aumentar a instabilidade na terceira maior economia da zona do euro.
Desde as eleições parlamentares, encerradas – também em impasse – há cerca de sete semanas, a Itália se encontra num beco sem saída. O mandato do atual presidente, Giorgio Napolitano, se encerra no final de maio, e somente um novo chefe de Estado poderá convocar novo pleito legislativo. Na Itália, o presidente não exerce funções governamentais, mas é figura-chave nos processos de mediação política.
Nesta quinta-feira, nenhum dos candidatos alcançou os dois terços (672 votos) exigidos. Uma terceira rodada de votação transcorrerá na manhã desta sexta-feira. Segundo o sistema italiano, as votações se repetirão duas vezes por dia, até que haja consenso em torno de um candidato. A partir do quarto turno, contudo, a maioria simples será suficiente para definir um vencedor.
Na primeira votação, por exemplo, o favorito, ex-presidente do Senado Franco Marini, do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, obteve maioria absoluta, com 521 votos. O fato de o líder do partido, Bersani, ter indicado o político da ala democrata cristã da legenda é interpretado como uma tentativa de se aproximar do adversário Silvio Berlusconi, controvertido ex-premiê que lidera o partido de centro-direita Povo da Liberdade (PdL).
Assim, o cisma no PD em torno da candidatura de Marini é profundo. O católico de 80 anos de idade, por sua vez, critica seu adversário interno, o prefeito de Florença, Matteo Renzi, de 38 anos, como sendo um "candidato do século passado".
Os social-democratas possuem a maioria na Câmara dos Deputados, mas não no Senado. Bersani rejeitou repetidamente as propostas de coalizão por parte de Berlusconi – e foi, por sua vez, rejeitado por Grillo, o que paralisou a formação de um governo, no final de março.
Stefano Rodotà, do movimento populista de protesto Cinco Estrelas (M5S), recebeu 240 votos no primeiro turno – de forma surpreendente, já que o M5S ocupa apenas 163 assentos. Observadores concluem que, devido à divisão dentro do PD, alguns deputados de centro-esquerda tenham votado no grupo liderado pelo humorista Beppe Grillo como forma de protesto.
Mais de 100, de um total de 1.007 votantes, anularam seus votos ou se abstiveram na primeira votação desta quinta-feira. Além dos deputados de ambas as câmaras parlamentares, 58 representantes das diferentes regiões italianas participam do escrutínio.
AV/rtr/dpa/afp