Imprensa analisa perspectivas da era pós-Arafat
DW-WORLD reuniu para você algumas opiniões expressas nas edições deste sábado (06/11):
“Chega ao fim uma era. Yasser Arafat representa, em todo o mundo, a luta de seu povo por um Estado próprio. Substituir sua força simbólica e sua estatura não será possível a nenhum outro político, pelo menos a curto prazo. Tanto mais importante se torna para as novas lideranças palestinas não se perder em lutas pelo poder, mas conseguir organizar uma transição pacífica. [...] Uma nova tentativa internacional de mediação necessita do apoio de Washington. Isso vai depender do presidente George W. Bush: se ele, em seu segundo mandato, vai continuar sua política unilateral pró-Israel ou se na Casa Branca os interesses dos palestinos também vão ecoar. Diante do desastre da política norte-americana no Iraque, uma posição honesta de mediação nos conflitos do Oriente Médio poderia ajudar Washington a polir sua fama arruinada no mundo árabe. No diálogo transatlântico, ficará brevemente claro se o novo Bush está seriamente interessado em uma cooperação com os europeus ou se pretende continuar caminhando sozinho.”
Frankfurter Rundschau
“O fim do líder da OLP Yasser Arafat esconde, mesmo que isso seja doloroso para boa parte de seu povo, novas possibilidades. Não apenas para o processo de paz no Oriente Médio, mas também para uma democracia palestina. Arafat não morre como mártir, como previu tantas vezes seu fim, mas numa cama de hospital, rodeado de médicos e amigos. [...] Também para a política interna a morte de Arafat é uma chance. Até hoje, ele se manteve como dominador único, que se metia em tudo: controlava as finanças, ignorava as decisões parlametares e dava a familiares cargos na administração. Agora talvez surja a possibilidade de que as já existentes instituições democráticas dos palestinos possam, enfim, executar seu trabalho.”
taz, die tageszeitung
“E não é que o destino deu uma de suas voltas irônicas. O homem que tantas vezes perdeu a oportunidade de agir no momento adequado, deixa na hora certa o palco político. De repente, muitas peças se juntam, fazendo ressurgir a esperança de uma retomada do processo de paz. [...] Mas em primeiro lugar, os próprios palestinos precisam criar uma base para esta retomada. Mesmo se não parece digno manter Arafat num estado artificial entre vida e morte, esta é uma decisão política: Arafat não deixou claro quem seria seu sucessor. Esse tempo precisa ser recuperado agora, para que a questão do poder esteja resolvida, quando os líderes do mundo voarem para seu enterro.”
Der Tagesspiegel
“Yasser Arafat, o dominador, sempre impediu que alguém previamente designado lhe tomasse o lugar e fosse aplaudido pelo povo. Nada mais ele temia do que ter um alguém a seu lado, que fosse seu herdeiro político. Até hoje, ele havia conseguido manter as rédeas nas mãos. [...] O quebra-cabeças da sucessão é ainda mais complicado pelo fato de que duas organizações diferentes precisam de um novo líder: a OLP (Organização de Libertação da Palestina) e as Autoridades Palestinas.”
Süddeutsche Zeitung
“A União Européia, que por tanto tempo liberou verbas, mas se manteve à parte, pode aproveitar esta oportunidade. Se ela se aliar a Washington, irá, com a confiança que recebe do lado palestino, alcançar aquilo que os americanos conseguem em Israel. Neste ínterim, o perigo de crises não é excluído. Pode ser que a intervenção política nos territórios palestinos tenha que ser até mesmo intensificada, para tornar as trôpegas autoridades palestinas um parceiro com tanto peso quanto Israel.”
Frankfurter Allgemeine Zeitung