Imprensa comenta
28 de setembro de 2009A virada liberal nas eleições alemãs domina a apreciação do pleito pelos jornais internacionais:
"A questão é se a Sra. Merkel, que até agora governou a Alemanha como representante do centro político, estará disposta a implementar as reduções fiscais e as reformas do mercado de trabalho, assuntos impopulares junto aos eleitores alemães. Nestas eleições parlamentares, ela viu diminuir a vantagem de 17% de seu partido e só com grande esforço pôde manter a vitória. E tudo isso, por ter defendido a liberalização do mercado." (New York Times, EUA)
"Junto com o Partido Liberal Democrata (FDP), Merkel invalidará na próxima década o acerto de suspender a médio prazo a produção de energia nuclear na Alemanha. Na política externa, o governo de centro-direita também vai se opor de forma mais enérgica ao ingresso da Turquia na União Europeia. Merkel favoriza uma 'parceria privilegiada' com Ancara, algo que, no entanto, inviabiliza que a Turquia se torne membro de fato da UE." (The Independent, Reino Unido)
"A vitória eleitoral de Merkel, após a pior recessão dos últimos 60 anos na Alemanha, é um voto de confiança com o qual quase nenhum outro chefe de governo europeu pode contar hoje. A clara vitória dá a Merkel tempo e espaço para enfrentar problemas impopulares, como a presença militar alemã no Afeganistão. E também confere uma liderança à política industrial da União Europeia, que nos últimos quatro anos foi tímida demais. Dessa líder calma e poderosa dificilmente se esperam surpresas. O que é de se esperar em Berlim, em vez disso, é uma nova autoconfiança, da qual todos os aliados da Alemanha se beneficiarão." (The Times, Reino Unido)
"A crise revelou o fracasso de um determinado neoliberalismo. Mesmo assim, os liberais ganharam as eleições. Esse é o paradoxo alemão que cumpre esclarecer. Além disso, os social-democratas registraram seu pior resultado desde o fim da guerra. Por isso, a Super-Merkel pode se unir agora ao FDP, um partido defensor do mercado triunfante. Ela vai fazer uma política que certamente será pragmática, mas do ponto de vista econômico mais liberal do que antes." (Libération, França)
"No FDP reina euforia. A tática da honestidade incondicional usada pelo [presidente do partido, Guido] Westerwelle surtiu efeito. Revelou-se que a campanha de medo dos esquerdistas contra um governo democrata-cristão e liberal, que exploraria os pobres e carentes com uma política 'neoliberal, antissocial e fria', não colou." (Neue Zürcher Zeitung, Suíça)
"Na Alemanha houve uma virada liberal. O resultado das eleições é, sobretudo, um êxito para a chanceler federal Angela Merkel, com sua política de centro. Com um programa de liberalização econômica e de reduções fiscais, Guido Westerwelle conseguiu conduzir o FDP ao governo, após 11 anos na oposição. Isto ocorre justamente numa fase em que a maioria dos países ocidentais passou a seguir uma política inversa. A espetacular derrocada do Partido Social Democrata (SPD) representa um duro golpe para a esquerda europeia. Sua ausência será agora gritante, nos governos dos principais países: na França, na Alemanha e em breve também no Reino Unido." (El País, Espanha)
"Para a social-democracia alemã e para a esquerda europeia (cujo mais antigo partido é o SPD), o resultado é mais do que amargo. A perda foi de mais de dez pontos percentuais em relação à última eleição. Esse é o alto preço pago por quatro anos de governo junto com o grande partido de centro-direita. Também é um veredicto emitido pelos eleitores, mas que pode ser considerado injusto; afinal, a 'grande coalizão' – mesmo sem ter causado muito entusiasmo – não deixou de ter o mérito de conduzir o país através da crise. E os social-democratas alemães foram parceiros leais aos democrata-cristãos. No entanto, os eleitores decidiram que essa fórmula seria apenas provisória e não deveria durar muito." (La Repubblica, Itália)
SL/afp/dpa
Revisão: Augusto Valente