Início da Segunda Guerra é lembrado sob a sombra da crise na Ucrânia
1 de setembro de 2014Os presidentes Joachim Gauck, da Alemanha, e Bronislaw Komorowski, da Polônia, lembraram nesta segunda-feira (01/09) os 75 anos do início da Segunda Guerra Mundial. A cerimônia transcorreu na península de Westerplatte, próximo à cidade polonesa de Gdansk, onde a Alemanha iniciou o conflito que se estendeu de 1939 a 1945.
Ao mesmo tempo em que louvaram a reconciliação teuto-polonesa pós-guerra como sendo exemplar para a Europa, ambos os chefes de Estado lançaram um alerta sobre as pretensões de poder da Rússia.
"A celebração nos reúne aqui, hoje. Mas estamos igualmente juntos em face à ameaça atual", disse Gauck.
Ele censurou Moscou por ter abandonado a ordem de valores europeia e disse que os russos, através de seu procedimento na Ucrânia, colocam em risco a paz no continente. O presidente alemão classificou o conflito russo-ucraniano como "confrontação bélica para estabelecer novas fronteiras e uma nova ordem".
"Sim, é um fato: a estabilidade e a paz no nosso continente estão novamente em perigo", afirmou.
Gauck mostrou-se decepcionado por não ter sido possível integrar a Rússia numa ordem europeia. "Nós acreditávamos e queríamos acreditar que também a Rússia, a terra de Tolstói e Dostoiévski, pudesse se tornar parte de uma Europa comum." No entanto, completou, Moscou "rescindiu, de fato, essa parceria".
Para ele, a Europa precisa se opor decididamente à "fome de poder" russa, pois "a história ensina que concessões territoriais costumam só aumentar o apetite dos agressores". Portanto, disse, Moscou precisa mudar sua política, a fim de reencontrar o caminho da boa vizinhança.
"Não" a concessões e política de apaziguamento
Bronislaw Komorowski acusou a Rússia de perseguir "sonhos de grandeza própria e de zonas de influência nacional", colocando em jogo a paz na Europa.
"Precisamos enfrentar isso com coragem e decisão", reivindicou. "Diante dos nossos olhos o direito internacional está sendo violado".
Ele lembrou o incomensurável sofrimento da Segunda Guerra, em que um quinto da população polonesa foi extinta: "Não apenas as vítimas do assalto sofreram infortúnio e dor, mas sim todos, também os agressores."
O chefe de Estado polonês insistiu que não se adote em relação à Rússia uma política de apaziguamento, como a que favoreceu a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha da década de 1930. "Aqui na Westerplatte, a história nos fala de maneira especialmente clara", observou.
Na península ao norte de Gdansk, na manhã de 1º de setembro de 1939, a nau de guerra alemã Schleswig-Holstein disparou contra um posto do Exército polonês, dando início ao conflito que custou pelo menos 60 milhões de vidas.
O início da Segunda Guerra foi relembrado em diversos locais da Polônia. Numa cerimônia anterior na Westerplatte, pela manhã, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, alertou contra um "perigo de guerra, não só no leste da Ucrânia".
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) precisa desenvolver uma "nova política", a fim de se opor a esse perigo, reivindicou o recém-indicado presidente do Conselho Europeu.
AV/afp/epd/dpa