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Inaugurado Memorial da Shoah em Paris

(sm)27 de janeiro de 2005

Novo espaço em memória às vítimas do Holocausto em Paris quer sensibilizar as novas gerações para a perseguição e extermínio dos judeus da Europa durante a Segunda Guerra.

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Muro com os nomes dos judeus deportados da França para os campos de concentração nazistasFoto: AP
Chirac eröffnet Europas größtes Holocaust Museum in Paris
Presidente francês Jacques Chirac observa retratos de judeus deportados da França para os campos de concentração nazistas, durante a inauguração do Memorial da Shoah, em ParisFoto: AP

Sessenta anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Memorial do Mártir Judeu Desconhecido e o Centro de Documentação Judaica Contemporânea (CDJC) criaram o Memorial do Shoah, inaugurado nesta quinta-feira (27/01) no bairro histórico de Marais, em Paris. A idéia do projeto é "multiplicar as iniciativas de sensibilização dentro de um difícil contexto nacional e internacional".

Documentação do Holocausto

O histórico do memorial revela a importância do novo espaço de reflexão sobre a Shoah na França. Foi em abril de 1943, três anos após a invasão da França pelos alemães, que Isaac Schneersohn reuniu em Grenoble 40 representantes da comunidade judaica, para criar um centro que começasse a reunir provas da perseguição nazista, a fim de se poder exigir justiça após o término da guerra.

Cinco meses depois, o CDJC teve que interromper suas atividades diante da crescente pressão nazista. Seus fundadores passaram a atuar junto com a Resistência Francesa. Durante os combates pela libertação da França, Schneersohn e seu grupo conseguiram assegurar em Paris importantes arquivos do regime Vichy e da ocupação nazista, como os da embaixada da Alemanha na capital francesa, do Estado-Maior, da Delegação Geral do governo de Vichy e sobretudo grande parte da documentação do serviço antijudeu da Gestapo.

Provas para Nurembergue e contra Barbie

Após o fim da guerra, o Centro organizou seus arquivos e começou a divulgar dados sobre o Holocausto através de uma editora própria e da primeira revista sobre a Shoah, Le Monde Juif (O Mundo Judeu), antecessora da Revue d'histoire de la Shoah (Revista da História da Shoah).

Fundamental também foi o papel do CDJC durante o processo de Nurembergue. Com base em seus arquivos, os juristas conseguiram reconstruir a participação de diversos responsáveis e cúmplices da solução final na Alemanha, na França e em Israel. Durante a década de 80, o CDJC forneceu à Justiça francesa um documento que viabilizou a acusação de Klaus Barbie, chefe da Gestapo em Lyon, por crime contra a humanidade.

Conscientização de novas gerações

Em 1956 foi inaugurado um espaço em memória às vítimas da Shoah, o Memorial do Mártir Judeu Desconhecido, concebido pelo CDJC seis anos antes e construído em um terreno doado pela prefeitura de Paris. Foi ali que o CDJC se instalou, gerando um espaço duplo de pesquisa e memória com a iniciativa prioritária de sensibilizar crianças e jovens para a história do extermínio dos judeus na Europa. Foi sobretudo esta meta pedagógica que levou ambas as instituições a planejar, em 1997, sua fusão no Memorial da Shoah.

O Memorial, que abre suas portas exatamente 60 anos após a libertação de Auschwitz, inclui uma exposição permanente sobre a Shoah e o destino dos judeus na França e na Europa durante a Segunda Guerra, além de auditório, espaço para mostras temporárias e eventos educacionais, livraria, centro de documentação, espaço multimídia e salas de leitura. A cripta do Memorial é um lugar de recolhimento em memória das vítimas de Auschwitz e do gueto de Varsóvia. Com o Muro dos Nomes, presta-se homenagem individual a todos os judeus deportados da França.

BdT: "Mauer der Namen" mit Namen von Holocaustopfern in Frankreich, Wiedereröffnung Holocaustmuseum in Paris
Rosette Klajman aponta o nome de sua mãe, Micha, gravado no Muro dos Nomes, no Memorial da Shoah, em ParisFoto: AP

O Memorial da Shoah se situa num local simbólico, o bairro de Marais, onde a comunidade judaica parisiense – ali instalada há nove séculos – desenvolveu o comércio e o artesanato, acolheu os refugiados dos primeiros pogroms no Leste Europeu e foi em grande parte deportada para os campos de concentração nazistas, de onde poucos retornaram.

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