Incentivando o comércio justo
21 de setembro de 2004A Semana do Comércio Justo, que acontece até o dia 26 de setembro na Alemanha, visa incentivar a compra de produtos importados de países em desenvolvimento, especialmente agrícolas, que contenham o selo Fair Trade (comércio justo). Tal certificado, além de atestar que a produção é artesanal e atende a critérios ecológicos e de qualidade, garante que os agricultores estão recebendo um preço justo por seus produtos.
Mais de 22 mil redes de lojas, supermercados e pequenos pontos de venda de produtos alternativos participam da iniciativa, apresentando ao consumidor alemão a vasta gama de artigos disponíveis no mercado. O benefício é mútuo.
Por um lado, o dinheiro arrecadado com as vendas se reverte em lucro para os agricultores que, desta forma, conseguem melhorar a qualidade de vida de suas famílias. Por outro, o consumidor sabe que está adquirindo um produto de qualidade diferenciada e que contribui para um comércio mundial mais justo.
Brasil faz parte do Fair Trade
Produtos Fair Trade feitos no Brasil circulam em todo o mundo. Um dos mais conhecidos é o café. Para se ter uma idéia da importância deste certificado, uma cooperativa de 12 pequenos cafeicultores mineiros, que aderiu ao projeto em 2003, conseguiu uma receita extraordinária com a exportação nestes moldes.
A venda para o exterior rendeu um valor três vezes e meio maior que os preços praticados na época. Enquanto a saca de café oscilava em torno dos 140 reais no mercado, os cafeicultores mineiros ganharam 491 reais por cada saca. Por receberem um preço justo, eles conseguem evitar cortes no orçamento que prejudicam a qualidade de produção. Outra vantagem é a garantia de alimento às suas famílias e a certeza de que seus filhos podem freqüentar a escola ao invés de trabalhar na lavoura.
Apoio do governo alemão
O governo alemão incentiva a venda de produtos importados de países em desenvolvimento com o certificado Fair Trade. A ministra do Desenvolvimento e da Cooperação Econômica, Heidemarie Wieckzorek-Zeul, participou da cerimônia de abertura da Semana, lembrando que "as atuais estruturas de comércio são injustas" e que uma reforma do mercado mundial se faz imprescindível.
Presente no evento realizado em Berlim, a gerente da cooperativa nicaragüense Soppexcca, Fátima Ismael, ressaltou que o comércio justo representa para os membros da cooperativa "esperança e vida".
Adesão alemã
Além de uma série de concursos e idéias criativas, a campanha conta ainda com a participação de atores e nomes de expressão, que farão propaganda dos produtos Fair Trade. A cadeia de supermercados EDEKA, por exemplo, vai vender durante a semana só bananas com o selo TransFair.
Muitos alemães apoiam o comércio justo. Segundo dados da iniciativa TransFair, apesar da guerra de preços no setor comercial, o lucro registrado com os produtos que levam o certificado do comércio justo subiu, atingindo a cifra de 51 milhões de euros em 2003. Prova de que o interesse é crescente e que tais produtos atendem às necessidades do consumidor europeu.