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Independente há um ano, Sudão do Sul luta para ativar economia

9 de julho de 2012

Há exatamente um ano, o Sudão do Sul se tornava independente: um desmembramento celebrado como grande feito político. Do ponto de vista econômico, contudo, o país vai mal, apesar das reservas de petróleo.

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Foto: Reuters

Embora com um solo rico em petróleo, água e riquezas naturais, o novo Estado do Sudão do Sul luta pela sobrevivência. A guerra civil que assolou a região durante anos deixou rastros: até hoje faltam estradas, escolas, hospitais, energia elétrica, água e, desde o início deste ano, até mesmo gasolina no país. E tudo isso apesar das reservas petrolíferas. Embora muitas regiões ricas em petróleo tenham ficado para o Sul depois da independência, o oleotudo para a exportação do produto passa pelo vizinho do Norte.

O oleoduto não está mais em atividade, já que Sudão do Norte e do Sul não conseguiram chegar a um acordo a respeito das tarifas para o transporte. O governo do Sudão, em Cartum, exige o pagamento de 36 dólares por barril para o transporte do petróleo em seu território, enquanto o Sudão do Sul só se dispõe a pagar um dólar. Em janeiro, o Sudão do Sul acusou o Norte de roubar grandes quantidades de petróleo e interrompeu por isso a produção.

Desde então, os caixas públicos do Sudão do Sul encontram-se vazios, já que o petróleo perfaz 90% da renda nacional. Wolf-Christian Paes, do Centro Internacional de Conversão (BICC), sediado em Bonn, afirma com certeza: "Se não houver uma solução a respeito do uso do oleoduto existente, o Sudão do Sul vai se tornar inadimplente daqui a meses ou até mesmo semanas". Por isso, completa Paes, o Estado começou a imprimir dinheiro para poder pagar os salários dos servidores.

Infraestrutura deficiente

Os índices de inflação no país vêm aumentando desde então, tendo chegado aos 19%. Enquanto isso, o crescimento econômico foi reduzido. O preço dos alimentos explodiu, enquanto a produção agrícola diminui. E embora o setor agrícola seja considerado muito promissor, com um alto potencial de crescimento, a Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO) teme uma crise de fome no país. Para o especialista Paes, os problemas se dão principalmente em decorrência da infraestrutura deficiente.

Südsudan zieht sich aus umstrittenem Grenzgebiet zu Sudan zurück
Conflito entre Norte e Sul continua latenteFoto: Reuters

Pois "tanto os pequenos agricultores quanto os empresários do setor agrícola têm o problema de estarem muito longe dos mercados", diz Paes. As estradas que ligam o Sudão do Sul até Uganda e Quênia, que são os mercados de exportação mais próximos para os produtos agrícolas, encontram-se em péssimo estado, o que encarece consequentemente o transporte.

Oleoduto alternativo é inviável

No caso do petróleo, a situação não é diferente. O Sudão do Sul é tão isolado do ponto de vista do transporte, que se torna difícil exportar petróleo sem os oleodutos do Norte. O país cogita a construção de um oleoduto alternativo que passe pelo Quênia, cujos custos seriam de 3 bilhões de dólares. Ainda não está claro, contudo, quem poderia arcar com o financiamento de uma obra como essa. Até agora, não parece haver nenhum banco interessado. O Sudão do Sul, segundo temem alguns observadores, pode não ter tantas reservas de petróleo como parece. Ou seja, os investimentos em um novo oleoduto podem nunca ser recuperados. Sem contar que o oleoduto passaria por uma região politicamente instável.

Abraham Matoc Dhal, professor da Universidade de Rumbek, no Sudão do Sul, vê ainda outro fator desfavorável à construção de um oleoduto ou de uma refinaria no país: os riscos para o meio ambiente. Os danos resultantes da construção de um oleoduto podem levar à perda de terras férteis e diminuir os rebanhos de gado, o que geraria consequentemente um êxodo da população local. Quando se leva em consideração todos esses fatores, os custos totais reais da produção e transporte do petróleo são de fato mais altos.

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Agropecuária: setor de extrema importância para o Sul do SudãoFoto: dapd

Medidas para incentivar investimento

Apesar de tudo, o Sudão do Sul consegue preencher os critérios para que investidores internacionais injetem dinheiro no país, diz Matoc. O governo aprovou algumas leis de apoio ao setor privado, tornando com isso as terras do país atraentes para investidores. O governo esforça-se também para atrair investidores estrangeiros com expertise, a fim de incentivar a transferência de tecnologia.

Para Matoc, tornar-se independente do petróleo é uma prioridade para o Sudão do Sul, pois "o PIB dos governos de todo o mundo baseia-se em primeira linha nos impostos arrecadados, e não nas entradas de capital pela venda de petróleo". O Sudão do Sul possui também outras riquezas naturais, como ouro e urânio, além de extensas áreas cultiváveis, tendo, portanto, alto potencial para desenvolver a própria economia.

Boom na construção civil

A mais recente estratégia do Sudão do Sul parece dar certo. Matoc acredita que o país pode se tornar autossustentável na produção de alimentos e tem condições de construir uma boa infraestrutura. Segundo ele, a enorme riqueza de recursos naturais permite ao governo pegar empréstimos internacionais a fim de criar uma infraestrutura no país.

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Petróleo: ponto de discórdia entre norte e sulFoto: AP

Um ano depois da independência do Sudão do Sul, completa Matoc, os progressos já são visíveis. Em Juba, a capital do país, desde a independência foram construídas estradas novas, os ministérios foram reformulados e o setor da construção civil passa por um verdadeiro boom. Apesar dos muitos problemas, a vida em Juba melhorou de forma geral, diz ele.

Autora: Lina Hoffmann (sv)
Revisão: Francis França