Indonésia aprova uso emergencial da Coronavac
11 de janeiro de 2021A Indonésia anunciou nesta segunda-feira (11/01) que aprovou o uso emergencial da Coronavac, a vacina contra covid-19 produzida pela empresa Sinovac.
Essa é a segunda autorização de uso do imunizante fora da China, seu país de origem. Na semana passada, a Bolívia também aprovou a a aplicação.
O mesmo imunizante vem sendo produzido no Brasil por meio de uma parceria da Sinovac com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.
Além da liberação para uso emergencial, a agência de alimentos e medicamentos da Indonésia anunciou que dados preliminares de testes realizados no país apontam que a CoronaVac é 65,3% eficaz. A fase três dos testes clínicos no país asiático contou com 1.620 voluntários.
"Esses resultados atendem aos requisitos da Organização Mundial da Saúde de uma eficácia mínima de 50%", disse a presidente da agência, Penny K. Lukito, em entrevista coletiva.
No entanto, os índices de eficácia da Coronovac têm alimentado dúvidas. Turquia, Indonésia e Brasil, países onde a vacina foi testada, apresentaram resultados bastante distintos.
Coronavac no Brasil
Na semana passada, o Instituto Butantan disse que a potencial vacina tem eficácia de 78% em casos leves de covid-19 e 100% em casos graves, mas não divulgou sua eficácia geral ou detalhes do estudo que foi enviado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como parte do pedido para uso emergencial da vacina no Brasil. Já a Turquia apontou que a Coronavac tem eficácia de 91,25%.
No sábado, a Anvisa requisitou ao Butantan mais informações sobre os dados referentes à Coronavac. O Butantan, por sua vez, minimizou o episódio e afirmou que o pedido da Anvisa "não afeta o prazo previsto para autorização de uso" da vacina. "Os pedidos de novos documentos ou mais informações são absolutamente comuns em processos como esses", declarou o instituto, em nota divulgada no sábado.
O governo de São Paulo tem sido criticado pela sua estratégia de comunicação sobre a Coronavac e seguidos adiamentos na divulgação da eficácia geral do imunizante. Essas dificuldades têm levantado questionamentos de especialistas e publicações científicas, além de servir de combustível para ofensiva do presidente Jair Bolsonaro contra o imunizante promovido pelo seu desafeto político, o governador paulista João Doria. No final de dezembro, Bolsonaro chegou a zombar de uma suposta baixa eficácia da Coronavac.
Presidente indonésio deve ser o primeiro a tomar vacina
O governo da Indonésia planeja iniciar sua campanha de vacinação ainda nesta semana. O presidente da Indonésia, Joko Widoko, afirmou que vai ser a primeira pessoa do país a receber a primeira dose da Coronavac, em uma cerimônia na quarta-feira.
"Por que o presidente é o primeiro? Não se trata de me colocar em primeiro lugar, mas de garantir a todos que esta vacina é segura", disse Widodo . Após o presidente, profissionais de saúde devem ser vacinados.
No entanto, especialistas em saúde pública apontam que o país tem um desafio enorme à frente para vacinar a população, considerando o número limitado de doses disponíveis, desafios logísticos em milhares de ilhas que compõem o país e uma potencial resistência da população conservadora do país.
Na semana passada, o órgão islâmico mais importante do país, o Conselho Ulema da Indonésia, anunciou que a vacina é halal, ou adequada para consumo por muçulmanos, abrindo caminho para uso e distribuição no país muçulmano mais populoso do mundo.
A Indonésia firmou entendimentos para entrega de mais de 350 milhões de doses de vacina, segundo o Global Health Innovation Center, da universidade americana Duke. O número, por enquanto, é insuficiente para proporcionar duas doses à toda população do país, de cerca de 270 milhões de habitantes.
Entre essas vacinas, 125 milhões de doses são da Coronavac. No início de dezembro, a Indonésia recebeu 1,2 milhão de doses da Coronovac. Outro lote de 1,8 milhão estava previsto para chegar em janeiro.
Desde o início da pandemia, a Indonésia registrou oficialmente mais de 828 mil casos de covid-19. Ao menos 24 mil pessoas morreram. No entanto, os números são provavelmente bem mais altos, já que o país não conta com uma capacidade adequada de testagem.
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