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Superlotação em centros de migrantes nos EUA

3 de julho de 2019

Relatório do Departamento de Segurança Interna alerta para más condições em instalações na fronteira com o México. Congressistas democratas apontam "crueldades sistemáticas".

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Inspeções em centros de detenção na fronteira do Texas expuseram péssimas condições para os migrantes
Inspeções em centros de detenção na fronteira do Texas expuseram péssimas condições para os migrantesFoto: picture-alliance/AP Photo/U.S. Customs and Border Protection's Rio Grande Valley Sector

Inspetores do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) alertaram em relatório divulgado nesta terça-feira (02/06) para os perigos da superlotação e más condições nos centros de detenção de migrantes no Texas. O documento foi tornado público um dia depois de congressistas do Partido Democrata denunciarem terríveis condições em instalações do tipo que visitaram.

"Nós instamos o DHS a tomar ações imediatas para aliviar a perigosa superlotação e detenção prolongada de crianças e adultos no vale do Rio Grande", afirmou a inspetora-geral da agência, Jennifer Costello, em um relatório enviado ao secretário de Segurança Interna, Kevin McAleenan.

O relatório inclui imagens de dezenas de migrantes, incluindo crianças pequenas, apertados em celas ou áreas de detenção semelhantes a jaulas. Costello relatou que um diretor de um centro de detenção descreveu a situação como uma bomba-relógio e expressou preocupações com a segurança de funcionários e detentos.

As inspeções em cinco centros de detenção e dois pontos de entrada na fronteira do Texas ocorreu na semana do dia 10 de junho. À época, a Patrulha de Fronteiras mantinha 8 mil pessoas detidas, com 3,4 mil delas sob custódia durante períodos superiores ao prazo de 72 horas permitido por regulamentos. Entre estes, 1,5 mil estavam detidos por mais de dez dias.

"Dados sobre a custódia da Patrulha de Fronteiras indicam que 826 (31%) das 2.669 crianças nessas instalações estavam sendo mantidas por mais do que as 72 horas geralmente permitidas", alertou Costello.

A inspetora-geral do DHS divulgou o relatório como um "alerta administrativo" para o departamento, dizendo que o documento levanta "temas urgentes que requerem atenção e ações imediatas".

Em três dos cinco centros de detenção da Patrulha de Fronteiras, as crianças não tinham acesso a chuveiros. Em duas instalações, os menores de idade eram alimentados com sanduíches em vez de refeições quentes.

A maioria dos adultos estava há um mês sem tomar banho, recebendo apenas lenços umedecidos. Alguns detidos sofriam de constipação após uma dieta consistindo apenas de sanduíches. 

Segundo a polícia de fronteiras, 223.263 pessoas foram detidas no vale do Rio Grande entre outubro de 2018 e maio de 2019, o que significa uma alta de 124% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O relatório dos inspetores do DHS foi divulgado após a Casa Branca e a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) rejeitarem as críticas dos congressistas democratas que visitaram os centros de detenção na segunda-feira.

A congressista Alexandria Ocasio-Cortez disse ter visto condições terríveis, com os migrantes sendo submetidos a "crueldades sistemáticas". "Há abusos nessas instalações", disse a democrata. "Eles os colocam em uma sala sem água corrente, e os agentes do CBO diziam às mulheres que tomassem água do toalete."

A Casa Branca considerou as declarações "ultrajantes". O CBP diz que os centros não foram projetados para lidar com essa quantidade de migrantes e que a Patrulha de Fronteiras faz o melhor que pode para lidar com a superlotação.

RC/dpa/afp

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