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Integração "made in Germany"

7 de junho de 2018

A Alemanha tem mais de 10 milhões de habitantes de cidadania estrangeira, e integrá-los é debate constante. Estatísticas mostram que, apesar de todas as dificuldades, o país está se saindo melhor do que se pensa..

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Silhuetas e "Integração" sobre cores da bandeira alemã
Foto: picture-alliance/chromorange/C. Ohde

Em seu best-seller Arrival City (cidade de chegada), o autor canadense Doug Saunders elogia a Alemanha como um dos países "mais bem sucedidos" em termos de integração. Ao descrever como a imigração transcorre nos Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Turquia e Alemanha, o especialista no tema elege como modelo a cidade de Offenbach.

Com uma parcela de 37% de estrangeiros, a mais alta do país, a localidade no estado de Hesse dispõe dos quatro critérios que, na opinião de Saunders, permitem sucesso em integração: acesso à educação e ao mercado de trabalho, moradia financiável, e redes sociais eficazes.

O tema integração atravessa a história da Alemanha, embora só a partir dos anos 1990 sua relevância política tenha crescido. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, vieram milhões de desalojados, seguidos pelos milhões de "trabalhadores convidados" do milagre econômico.

Nos anos 90, as guerras nos Bálcãs desencadearam um grande movimento de êxodo em direção ao país, ao qual, após o colapso da União Soviética, se juntaram milhões de cidadãos do Leste Europeu de origem alemã. Uma nova onda ocorreu em 2004, com a inclusão dos países do Leste na UE. Em 2015, quase 1 milhão de refugiados do Oriente Médio procurou a Alemanha.

Segundo o Cadastro Central de Estrangeiros (AZR), em 2017 havia no país 10,6 milhões de pessoas de cidadania estrangeira, além de 18,6 milhões de origem imigrante.

Russos de origem alemã chegam em 1996 à cidade de Unna, no oeste alemão
Russos de origem alemã chegam em 1996 à cidade de Unna, no oeste alemãoFoto: picture alliance/dpa

Mas quão longo é o caminho entre a "cidade de chegada" Offenbach e o "país de chegada" Alemanha? As estatísticas mostram que, apesar de todas as dificuldades e déficits, a integração no país vai melhor do que se pensa. A seguir, cinco setores em que se tem alcançado progresso.

Educação: No espaço de 11 anos, os jovens migrantes conquistaram bastante terreno no campo da formação acadêmica. Se em 2005 apenas 13,9% daqueles entre 25 e 35 anos tinham título universitário ou de escola superior técnica, em 2016 essa percentagem já era de 26%, segundo o Departamento Federal de Estatísticas.

Também o grau de escolarização progride. Entre 2010 e 2015, a proporção de imigrantes ou seus descendentes entre os que obtiveram o certificado de Abitur (conclusão do curso médio com capacitação para frequentar a universidade) cresceu de 9% para 17%. Em relação ao Mittlerer Abschluss, que habilita à formação superior técnica, o incremento no mesmo período foi de 38% para 44%.

Aprendizado do idioma é peça essencial para integração
Aprendizado do idioma é peça essencial para integraçãoFoto: picture-alliance/dpa/H. Tittel

Emprego: A parcela de desempregados também caiu entre os imigrantes, de 17,9% em 2005 para 7,1% em 2016. No entanto a taxa permanece bem mais elevada do que entre a população alemã, na qual o decréscimo foi de 9,8% para 3,4%.

Registram-se tendências positivas também entre os requerentes de refúgio. Segundo a Agência Federal do Trabalho (BA), 216 mil refugiados – portanto cerca de um quarto dos que chegaram de países em guerra ou crise, desde 2015 – já exerce uma ocupação e contribui para o sistema de previdência social. Atividades profissionais de menor duração e intensidade não são incluídas na estatística.

O Instituto de Pesquisa de Mercado de Trabalho e Profissão (IAB) calcula que 100 mil refugiados ingressarão no mercado de trabalho alemão, apenas em 2018. Em contrapartida, ainda é bastante elevado o número dos que dependem da previdência social entre os refugiados árabes e africanos, cerca de 500 mil.

Deutschland Flüchtling Hamza Ahmed in der Firma Reuther STC GmbH in Fürstenwalde
Um quarto dos refugiados chegados desde 2015 já contribuem para o sistema nacional de previdência socialFoto: picture-alliance/dpa/P. Pleul

Naturalização: O volume de processos de naturalização voltou a subir desde 2014, quando 108.422 imigrantes obtiveram a cidadania alemã. Em 2017 eles foram 112.211, a maioria de origem turca. No auge do afluxo de europeus orientais de origem alemã, no fim dos anos 90, porém, o número de naturalizações chegava a quase o dobro.

Participação política: Dos 709 deputados no atual Bundestag (Parlamento alemão), 58 provêm de famílias de imigrantes, o equivalente a 8,2%. Em 2013, a percentagem era de 5,9%, e em 2009 de apenas 3,4%. Embora a participação política dos descendentes de estrangeiros aumente continuamente, os imigrantes seguem politicamente subrepresentados.

Esporte: Quer se trate de caratê, críquete ou pebolim, o trabalho de integração das associações esportivas alemãs conta com patrocínio governamental. Entre os projetos mais conhecidos está a iniciativa "1 a 0 para as Boas-Vindas", da Federação Alemã de Futebol (DFB), cujo balanço é respeitável, com mais de 40 mil refugiados já integrando algum time de futebol. Também a Federação Alemã de Esportes Olímpicos (DOSB) recebe verbas públicas para seu programa de longa duração "Integração pelo Esporte".

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