Campanha online
20 de agosto de 2009Um estudo representativo apresentado nesta quarta-feira (19/08) pelo instituto de pesquisas de opinião Forsa e a Associação Alemã das Empresas de Informação, Telecomunicação e Novas Mídias (Bitkom) demonstrou o papel fundamental da internet principalmente entre jovens eleitores.
Na faixa etária entre 18 e 29 anos, a internet é considerada por 77% dos entrevistados a fonte mais importante de informação política. Do total de entrevistados, 45% disseram se informar sobre política pela internet, embora as mídias tradicionais – televisão, jornais, rádio e conversas pessoais – continuem a ser as mais importantes, nesta ordem.
Mas, apesar de ainda ocupar o quinto lugar na preferência do total de entrevistados, a internet é considerada um meio decisivo em uma campanha eleitoral pela metade dos eleitores. Ou seja: mesmo eleitores que não navegam com frequência na internet lhe conferem uma importância significativa.
Rede social na internet
Redes sociais virtuais, como Facebook ou StudiVZ, tornam-se cada vez mais importantes, assim como fóruns e comentários em blogs e no Twitter. Segundo o presidente da Bitkom, August-Wilhelm Scheer, eles ajudam a conhecer melhor políticos e candidatos.
"O eleitor quer conhecer a trajetória política de alguém que concorre à eleição. De onde ele vem? É possível confiar nele? Que ligações ou atividades paralelas possui? Elas influenciam, de alguma forma, suas opiniões?", explica Scheer.
Internet não corrige falhas políticas
Manfred Güllner, diretor do instituto Forsa, aposta no sucesso da internet contra a morosidade política. Segundo ele, pesquisas apontam que, se fosse possível votar pela internet nas eleições europeias em junho último, a participação no pleito teria sido de 54% em vez de apenas 43% na Alemanha.
Em jogo está não apenas a questão do conforto de votar em casa, mas principalmente o potencial interativo da web. Segundo Güllner, o presidente norte-americano Barack Obama demonstrou como a rede mundial pode servir para aproximar o eleitorado e reduzir a alienação política.
Mas não que a vitória de Obama não se deva também à sua própria pessoa: "A internet não pode eliminar os déficits da política. Se a pessoa não tem carisma, a internet não serve para nada. Mas ela é um complemento importante e, se for usada corretamente, pode ajudar a atenuar o processo de alienação política", afirma Güllner.
Exemplo norte-americano
Analistas estão de acordo que a internet exerceu um papel importante na vitória de Obama. Com a ajuda de uma campanha viral, baseada na propaganda pessoal, Obama conseguiu driblar as mídias tradicionais e, já nas disputas pré-eleitorais, mobilizar doações de centenas de milhares de pessoas, que se organizaram através da web para ajudá-lo a ganhar o pleito.
Os partidos alemães não dependem tanto de doações quanto os norte-americanos. No entanto, na atual campanha eleitoral para as próximas eleições parlamentares, estão se esforçando, pela primeira vez, em realizar atividades sérias na internet, a fim de alcançar o eleitorado de forma direta, mostrar-se de forma autêntica e moderna, e integrar o feedback do eleitorado.
País em desenvolvimento
Apesar de todos os grandes partidos políticos alemães e seus candidatos terem perfis em redes sociais como Facebook ou StudiVZ, o presidente da Bitkom explicou que a situação nos EUA, pelo menos por enquanto, não pode ser comparada com a alemã.
Isso mostra o total dos chamados seguidores, pessoas que se registram na internet como correligionários de um determinado político, recebendo informações atualizadas sobre sua campanha eleitoral.
Segundo Scheer, uma contagem recente indicou que a atual chanceler federal Angela Merkel possui 14 mil seguidores no Facebook , enquanto seu principal concorrente, o atual ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, tem cerca de 5 mil. Se esses números fossem projetados para todas as demais redes sociais, Merkel teria 100 mil apoiadores e Steinmeier, pouco mais de 20 mil.
Já o Barack Obama contou com quase 5 milhões de seguidores na web. Em termos de campanha eleitoral online, a Alemanha ainda pode ser considerada um país em desenvolvimento.
Autor: Marcel Fürstenau/Carlos Albuquerque
Revisão: Rodrigo Rimon