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Investimento em usinas hidrelétricas é polêmico na Alemanha

Marco Mueller (mab)8 de maio de 2013

A força da água é capaz de gerar eletricidade em larga escala e a baixo custo. A Alemanha ainda conta com áreas inexploradas. No país, apesar de ser vista como uma energia renovável, ela ainda é fonte de controvérsia.

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Foto: picture-alliance/Arco Images GmbH

A força da água impulsionou a industrialização costumava ser a principal fonte de energia no início do século passado. Naquela época, mais de 100 mil usinas hidrelétricas funcionavam no país. Atualmente, esse número é de apenas cerca de 7500. Essas centrais fornecem cerca de 3% da eletricidade total da Alemanha.

Segundo especialistas, a participação da energia hidrelétrica no país europeu poderia aumentar 50% se cerca de 20 mil usinas mais antigas e menores fossem colocadas em operação novamente.

Proteção das águas versus força hidrelétrica: quem vence a briga?

Mas este renascimento do antigo potencial hidrelétrico na Alemanha é controverso. Autoridades responsáveis pela administração da água, pescadores e ambientalistas alegam que ainda existem perguntas em aberto. Eles querem cada vez menos barragens para geração de energia em rios. O grupo teme que a população de peixes nos rios sofra por causa das hidrelétricas.

Kleinwasserkraft Die Wassermühle in Wienhausen
Ambientalistas temem que hidrelétricas sejam ameaça para cardumesFoto: picture-alliance/Bildagentur-online

Segundo essas fontes, a reintrodução de peixes migratórios só aconteceria se os rios estivessem o mais próximo possível do estilo natural. Esta regra também faz parte de um conjunto de diretrizes para o gerencimento de água da União Europeia, que estabelece que até 2015 todos os córregos e rios devem estar aptos para ser habitados – não só por peixes, mas pela fauna em geral. A restauração de várzeas e matas ciliares, que são importantes áreas de desova, também faz parte dos parâmetros.

Peixes migratórios, como a truta ou o salmão, mergulham às margens dos rios e em seguida crescem no mar. Quando estão prontos para a reprodução, eles migram de volta para desovar nos rios.

A enguia é um dos peixes migratórios com um ciclo de vida inversa que mais corre perigo, de acordo com a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES). Ela desova no Atlântico, passa quase toda a vida nos rios e, em seguida, precisa voltar ao mar para se reproduzir.

Apoiadores da energia hidrerlétrica alegam, porém, que a população de peixes nos rios alemães era 10 vezes maior há 100 anos atrás, apesar de o uso da água para a produção de energia ter sido muito mais intenso naquela época.

Eles apontam especialmente pesticidas, fertilizantes utilizados na agricultura, produtos químicos e medicamentos na água residuária como a principal ameaça para os cardumes. Segundo os pescadores, a qualidade da água melhorou bastante nas últimas décadas, mas a reintrodução dos peixes ainda é um processo demorado.

Recursos disponíveis para uma transição energética

Ambientalistas pedem uma reflexão e um equilíbrio entre interesses ambientais incompatíveis. "Muitas barragens estão à disposição há séculos e deveriam ser usadas como base para uma transição energética", diz Rolf Ahlers da Federação de Conservação da Natureza e do Meio Ambiente da Alemanha (Bund, na sigla original). Ahlers enfatiza que "temos de promover um avanço da luta contra os efeitos das mudanças climáticas, porque sem a proteção do clima não há proteção da natureza."

Axel Berg, presidente da Eurosolar, uma associação europeia de defesa do uso de energias renováveis, acusa associações de pesca de impedir o uso de energia hidrelétrica com argumentos pouco objetivos. "Pescadores tentam nos convencer, alegando que peixes de viveiro são especialmente ecológicos, para salvar seu hobby, mas não podemos permitir isso, porque isso pode prejudicar o clima", diz o político do Partido Social-Democrata alemão.

Fischtreppe am Stauwehr in Geesthacht
Apoiadores veem pesticidas e produtos químicos na água como principal perigo para os peixesFoto: picture-alliance/dpa

Ele apoia uma forma mais natural do uso de energias hidrelétricas na Alemanha. "Cerca de 80% a 90% dos peixes em nossos rios são de criação, não são nativos. Na primavera, eles são colocados nos lagos e no outono eles acabam na panela", afirma Berg. Ele diz que a construção de escadas de peixes junto às hidrelétricas, que são preparadas para peixes migratórios, não é necessária em todos os rios, somente onde essa espécie de peixe ainda existe.

Produção de energia independente

Apoiadores da energia hidrelétrica admitem que, mesmo no futuro, a produção de eletricidade a partir das matrizes eólica e solar será a forma mais importante e mais barata de geração de energia renovável na Alemanha. Por outro lado, eles acham a construção de novas hidrelétricas de grande importância, porque mesmo no inverno elas produzem energia. Além disso, a energia pode ser armazenada, estando sempre à disposição. "É mais barato", diz Harald Uphoff, da Federação das Usinas Hidrelétricas alemãs. "É uma forma elegante de complementar as energias fotovoltaica e eólica."

O custo de geração de eletricidade a partir de energia hidrelétrica é diversificado. Quanto maior a quantidade de água, mais barata a produção, diz Martin Weissmann, professor de engenharia hídrica na Universidade de Karlsruhe. Segundo o especialista, grandes usinas na Europa produzem 1 quilowatt-hora por um custo de três a cinco centavos. No caso de usinas de médio porte (capacidade de 2000 a 3000 kW) esse valor sobe para cerca de dez centavos e, em usinas em pequenos afluentes, o custo é 20 centavos.

Wasserkraftwerk in Russland
Mais água, menos custo: uma usina grande produz 1 kWh de eletricidade por três a cinco centavosFoto: picture-alliance/dpa

Mesmo que a energia gerada por pequenas usinas seja mais cara, Uphoff defende o investimento. Essas centrais seriam um bom complemento para produtoras de energia a partir de fontes limpas, não exigiriam alto custo para a construção, e evitariam ainda o deslocamento de pequenos povoados. Ele também acredita que usinas menores são interessantes para regiões que ainda não estão ligadas na rede. "Mesmo uma pequena usina pode abastecer sem problemas duas ou três pequenas comunidades com energia suficiente para um ano todo."