Iraque domina eleições na Holanda e Grã-Bretanha
11 de junho de 2004De quinta (10) a domingo (13/6), os eleitores da União Européia estão escolhendo os deputados que representarão seus países no Parlamento Europeu. Trata-se da primeira votação em nível europeu, após a guerra no Iraque. Britânicos e holandeses foram os primeiros a votar, na quinta-feira.
Os resultados parciais começaram a ser divulgados na Holanda logo após o fechamento das urnas, desrespeitando o apelo da Comissão Executiva da União Européia (UE) para que se esperasse o final da votação, no domingo.
Esquerda vitoriosa na Holanda
Segundo o resultado ainda não oficial, o partido democrata-cristão CDA, do premiê Jan Peter Balkenende, perderá dois dos nove mandatos que detém no parlamento. Sete mandatos também foram conquistados pelo maior partido holandês de oposição, o social-democrata Partido do Trabalho (PvdA).Já o Partido Socialista, crítico ferrenho à invasão do Iraque, deverá conquistar mais um mandato, ficando com dois representantes em Estrasburgo. Entre os perdedores estão mais dois partidos da coalizão de governo: o Partido Popular pela Liberdade e Democracia, que deve perder dois dos seis mandatos, e o Democratas 66, com direito a apenas um deputado.
A presença de soldados holandeses no Iraque havia dominado a campanha eleitoral no país, que tem 27 deputados no Parlamento Europeu. Duas surpresas marcaram a votação: o Partido Europa Transparente, que concorreu pela primeira vez e tem como objetivo o combate à corrupção nas instituições do bloco, poderá conquistar dois mandatos. Por outro lado, o índice de comparecimento às urnas foi de 39,1%, claramente superior aos 29,9% de há cinco anos. O resultado oficial será anunciado no próximo dia 15.
Voto de protesto
Como na Inglaterra e no País de Gales a votação ao Parlamento Europeu aconteceu simultaneamente às eleições municipais, espera-se uma clara derrota do Partido Trabalhista, do premiê Tony Blair. Segundo prognósticos da imprensa, o partido governista pode ficar em terceiro lugar, atrás dos conservadores e dos liberais.Londres justifica a derrota com seu curso em relação à guerra no Iraque. "Esta é claramente uma votação de protesto e temos de aceitar o que as pessoas nos dizem", concluiu a ministra da Cultura, Tessa Jowell. As atenções estão voltadas para o resultado do Partido pela Independência da Grã-Bretanha, que defende a saída do país da União Européia.
A Holanda e a Grã-Bretanha foram os primeiros dos 25 países da União Européia a realizarem as eleições ao Parlamento Europeu. Irlanda e República Tcheca votam nesta sexta (11); Itália, Letônia e Malta, neste sábado (12); e os demais, inclusive a Alemanha, no domingo (13). No total, quase 350 milhões de eleitores definirão os 732 parlamentares que ocuparão um mandato no Parlamento Europeu até o próximo pleito, em cinco anos.