Stuxnet infecta Irã
26 de setembro de 2010Após dias de especulação internacional sobre o ataque cibernético contra indústrias iranianas, Teerã confirmou os danos causados pelo vírus de computador Stuxnet. Um especialista em tecnologia de informação do Ministério da Indústria em Teerã declarou à agência de notícias Mehr que 30 mil computadores industriais foram infectados no país. Ainda não se sabe quem possa estar por trás dessa investida.
Essas recentes declarações confirmam relatos divulgados no início de setembro pelo jornal reformista iraniano Shargh. Na época, o diário comunicou que uma autoridade ministerial tinha se referido a 30 mil computadores infectados.
Segundo ambas as fontes, o alvo do ataque cibernético são sistemas industriais de TI da Siemens que trabalham com o software Scada. Até o que se sabe no momento, o Stuxnet se infiltra em tais sistemas e deixa vazar os dados para fora do país. Nos últimos dias, diversos relatos de mídia especularam sobre a possibilidade de o vírus ter sido direcionado contra o programa nuclear iraniano, a fim de causar danos mesmo.
Segundo as informações divulgadas, o reator de enriquecimento de urânio em Natanz estaria funcionando com menos centrífugas que há seis meses, embora desde então tenham sido instaladas mais centrífugas na usina. Este detalhe não foi confirmado por fontes oficiais.
A agência de notícias Isna comunicou que as autoridades iranianas de energia atômica se reuniram para buscar formas de combater o vírus. O governo em Teerã chegou até a criar uma comissão para investigar as consequências do Stuxnet e tentar evitar riscos maiores, noticiou a agência.
Há alguns meses, a empresa de segurança eletrônica Symantc havia divulgado duas estatísticas sobre instalações industriais infectadas pelo Stuxnet. A estimativa era de que, em meados de julho, 40% desses sistemas estivessem contaminados na Índia, 32% na Indonésia e mais de 20% no Irã. No final de julho, a Symantec divulgou que 60% dos computadores infectados estariam no Irã, o que deixou claro que o país deve ter sido o verdadeiro alvo do ataque.
Nas últimas semanas, diversos especialistas cogitaram um ataque direcionado especificamente contra as instalações nucleares iranianas. Como os custos de um ataque cibernético dessa dimensão são incalculáveis, muitos especulam sobre a possibilidade de ele ter sido cometido por serviços secretos de outros Estados.
Autor: Ulrich Pick (sl)
Revisão: Soraia Vilela