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Irã mantém estoque de urânio dez vezes acima do limite

5 de setembro de 2020

Agência de energia atômica da ONU diz que Teerã continua a aumentar sua reserva de urânio enriquecido, em violação ao acordo de 2015. País, por outro lado, autorizou acesso do órgão a local suspeito de atividade nuclear.

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Funcionário trabalha em máquina
Reservas iranianas já contêm mais de duas toneladas de urânio enriquecido, segundo AieaFoto: picture-alliance/AP Photo/V. Salemi,

A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) denunciou nesta sexta-feira (04/09) que o Irã continua a aumentar as suas reservas de urânio enriquecido, e indicou que o país já detém mais de dez vezes o limite estabelecido pelo acordo nuclear internacional de 2015.

Segundo a agência das Nações Unidas, a reserva iraniana continha, em 25 de agosto, 2.105 quilogramas de urânio pouco enriquecido – ou seja, mais de duas toneladas –, enquanto o limite definido pelo pacto de cinco anos atrás equivalia a cerca de 202,8 quilogramas.

Em comparação, em 20 de maio a reserva de urânio do Irã acumulava um total de 1.571,6 quilogramas, segundo um relatório da Aiea da época.

A agência internacional, por outro lado, informou também nesta sexta-feira que seus inspetores finalmentes foram autorizados a visitar um dos dois locais suspeitos de terem armazenado material nuclear não declarado, ou terem sido cenário de atividades nucleares.

Ao longo do último ano, a Aiea tem feito questionamentos sobre os locais em Teerã e Isfahan. Nos últimos dias, funcionários da agência finalmente tiveram acesso a um deles e recolheram amostras que serão analisadas em busca de traços de materiais químicos. O segundo local suspeito deverá ser visitado ainda neste mês.

Em 2015, o país assinou um acordo com a Alemanha e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China –, em que se comprometeu a restringir seu programa nuclear em troca do relaxamento de sanções internacionais.

O acordo também limita o Irã a enriquecer urânio com uma pureza de até 3,67%, mas a Aiea indica que o enriquecimento tem atingido os 4,5%, como já vinha acontecendo.

Sob o governo do presidente Donald Trump, os EUA abandonaram o pacto em 2018 e reimpuseram sanções contra Teerã, prejudicando a economia iraniana.

Em resposta, o Irã começou a violar os termos do acordo em 2019, para pressionar os restantes signatários do pacto a compensarem as perdas resultantes da decisão de Washington.

EK/ap/dpa/lusa