Irã sedia conferência internacional para discutir paz na Síria
9 de agosto de 2012O Irã sediou nesta quinta-feira (09/08) uma conferência sobre a Síria, com o objetivo de acabar com o derramamento de sangue no país e atribuir a Teerã o papel de pacificador do país aliado. Na presença de representantes de mais de 25 nações, o ministro do Exterior, Ali Akbar Salehi (foto), pediu diálogo entre a oposição e o governo sírio.
"A República Islâmica do Irã acredita que a crise síria só pode ser resolvida através de um diálogo sério e inclusivo entre o governo e os grupos de oposição que têm apoio popular no país", disse Salehi no discurso transmitido pela televisão estatal iraniana.
O ministro afirmou que o Irã está pronto para sediar esse diálogo, é contra qualquer intervenção estrangeira e militar na Síria e apoia os esforços da Organização das Nações Unidas (ONU) para solucionar a crise.
Segundo Salehi, o Irã enviou ajuda humanitária à Síria para compensar as sanções internacionais a Damasco, que segundo o ministro, não têm em vista o bem-estar do povo sírio, só aumentaram seu sofrimento.
Os país ocidentais e do Golfo foram excluídos da conferência desta quinta-feira, acusados pelo Irã de apoiar militarmente a revolta sangrenta contra o presidente sírio, Bashar al-Assad.
Os ministros do Exterior do Iraque, do Paquistão e do Zimbábue compareceram ao encontro, de acordo com a emissora estatal. Outros países foram representados por diplomatas de menor escalão, em sua maioria embaixadores. Entre eles estavam Afeganistão, China, Índia, Rússia, Cuba e Venezuela.
Vácuo diplomático
O encontro também contou com a presença da coordenadora da ONU sobre Teerã, Consuelo Vidal-Bruce, que leu um comunicado do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon:
"Ambos o governo e a oposição continuam a pegar em arms, e tais ações terão consequências trágicas para o povo sírio. Todas as partes têm responsabilidade comum de encerrar a violência e a morte de civis", consta no comunicado.
A convocação da reunião às pressas pelo Irã na segunda-feira parece ter sido uma tentativa de aproveitar o vácuo diplomático deixado pela renúncia do ex-enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, no último dia 2 de agosto. O Irã, que atribuiu o apoio dos EUA aos rebeldes sírios como razão para a saída de Annan, afirma estar tentando retomar o plano de paz de seis pontos proposto por ele.
Ao mesmo tempo que mostra esforços para estabelecer um cessar-fogo na Síria e um diálogo entre oposição e governo, Teerã promete se manter do lado de Assad. A batalha entre forças do regime e rebeldes já deixou mais de 21 mil mortos no país.
LPF/afp/rtr
Revisão: Francis França