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Isolée no Brasil

12 de agosto de 2011

Projeto do alemão Rajko Müller chega a São Paulo para três shows. Além de mostrar faixas de seu mais recente álbum e sucessos da carreira, ele apresenta a diversidade de seu som e material inédito.

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Alemão Isolée é considerado o inventor da microhouseFoto: Noel Minzenmay

Nos últimos 15 anos o alemão Rajko Müller, mas conhecido pelo nome artístico Isolée, criou não apenas uma consistente carreira como produtor de música eletrônica, mas também um sonoridade que se tornou sua marca registrada.

Isolée ganhou notoriedade em 1998 com o single Beau Mot Plage, que aliava suas influências de house e synthpop a um som mais minimalista, com texturas e repetições. Uma mistura inovadora e que, de certa maneira, foi a precursora do som minimalista que dominou a música eletrônica alemã na década seguinte.

Microhouse foi o termo criado pela imprensa para descrever a música de Isolée. "Não gosto de ser rotulado. Microhouse é um termo estranho, que cria limites para quem ouve minha música. Às vezes definições colocam muito peso em apenas uma palavra. Gosto de manter todas a minhas possibilidades livres", diz Isolée, que culpou a imprensa de língua inglesa pelo excesso de rótulos. "Isso não acontece tanto aqui na Alemanha."

Juventude bem aproveitada

CD Cover Isolee
Capa de "Well Spent Youth"Foto: Pampa Records

O mais recente álbum Well Spent Youth foi lançado no começo de 2011, depois de um hiato de seis anos. "Sempre preciso de tempo para fazer um álbum. Acredito que o principal motivo foi visualizar essas músicas como um todo. Nunca paro de fazer música. Estou sempre tocando novidades em meu sets, mas um álbum é algo diferente", declara o produtor.

Mas essa visão que Isolée tem para um álbum está longe de ser algo concreto, autobiográfico ou conceitual. "Não falo muito de mim em minhas músicas. Procuro criar algo ficcional, no qual o ouvinte possa se projetar. Quero construir algo interessante para se ouvir do começo ao fim. Os meus álbuns nunca são uma compilação de faixas. Gosto de juntar pequenas partes e sons e fazer algo maior, como um filme ou uma jornada", completa.

Mesmo com bastante material já produzido em 2009, ele começou do zero a trabalhar nas músicas do disco. "Utilizei apenas uma faixa que tinha composto em 2007 no álbum. Às vezes faço uma música e não sei muito bem onde ela se encaixa e de repente ela faz sentido algum tempo depois." Isolée passou aproximadamente um ano compondo e produzindo as faixas que se tornaram o álbum Well Spent Youth.

Indagado se o título do disco (juventude bem aproveitada, na tradução livre do inglês) era uma revisão do passado, Isolée diz não ter nenhuma razão específica para a escolha. "Não quero passar nenhuma mensagem. Minha intenção é criar uma tensão e contraste entre a música e o nome que eu escolho para ela. O nome do disco é como um slogan com o qual as pessoas conseguem facilmente se relacionar. Gosto que 'juventude bem aproveitada' seja algo subjetivo e que signifique algo diferente para cada pessoa".

Shows no Brasil

Isolee Rajko Müller
Isolée: "Não quero passar mensagens"Foto: Anne Schwätzle

Esta é a terceira vez que Isolée toca no Brasil. Ele já se apresentou no festival Motomix, em 2006, e em clubes no Rio e em São Paulo em 2008. Desta vez serão três shows em São Paulo, todos em lugares bem distintos. "Foi sempre ótimo tocar no Brasil. Dessa vez estou especialmente empolgado porque um dos meus show é no planetário", diz.

Além do show no planetário no dia 14 de agosto, Isolée também se apresenta duas vezes no dia 13, à tarde num evento ao ar livre no Museu da Imagem e do Som e à noite no clube D-Edge. "Em clubes eu geralmente toco um set mais para festas, com músicas mais dançantes. Já no planetário eu quero tocar algo diferente, um pouco mais melódico e viajante. Podem esperar três shows diferentes." Isolée também promete apresentar novas faixas compostas especialmente para o show no planetário.

Os shows no Brasil marcam o fim de um ano de turnês e shows para promover o novo álbum. Para o futuro, Isolée diz ainda não ter planos concretos. "Tenho alguns projetos. Estou trabalhando em músicas para um vídeo de skate e compondo algumas faixas para o meu show no planetário. Estou muito feliz com a minha nova gravadora. Quem sabe não compilo esse material e lanço um disco em breve. Quero fazer algo mais aberto e menos orientado para clubes", conta.

Apesar de estar superempolgado com os shows no Brasil, Rajko diz não estar ansioso para sair do frio e chuvoso verão alemão e aproveitar o ensolarado inverno paulistano. “Eu gosto quando o tempo está assim.” Isolée não é único apenas em sua música.

Texto: Marco Sanchez
Revisão: Alexandre Schossler