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Israel suspende transferência de tributos a palestinos

2 de dezembro de 2012

Após reconhecimento de fato do Estado palestino pela ONU, Tel Aviv congela repasse de arrecadações tributárias à Autoridade Nacional em Ramallah. Verbas serão usadas no pagamento de dívidas dos palestinos com Israel.

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Foto: Reuters

O ministro israelense das Finanças, Yuval Steinitz, anunciou neste domingo (02/12) que não tem "a menor intenção de transferir os impostos que cabem à Autoridade Palestina" este mês. "Desde o início nós avisamos que a elevação do status da Palestina na ONU não deixaria de acarretar uma reação de Israel", comentou Steinitz à emissora estatal, após a reunião semanal de gabinete em que estabelecera a medida.

Um total de 460 milhões de shekels (92,7 milhões de euros) será confiscado e utilizado para o pagamento de débitos decorrentes do fornecimento de energia elétrica pela empresa Israel Electric Corp aos territórios palestinos.

Em janeiro de 2006 o governo israelense também congelara o devido repasse à Autoridade Nacional Palestina (ANP) de verbas arrecadadas com impostos e taxas alfandegárias após a vitória eleitoral do grupo radical islâmico Hamas. Somente em julho de 2007, Tel Aviv retomou o pagamento de cerca de 440 milhões de euros.

Estado palestino de fato

Na última quinta-feira, sob protestos de Israel, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas concedeu à ANP o status de observador, como Estado não-membro da ONU, por 138 votos contra 9.

Yuval Steinitz Finanzminister Israel
Medida anunciada pelo ministro das Finanças Yuval Steinitz tem caráter de represáliaFoto: picture-alliance/dpa

A decisão equivale ao reconhecimento, de fato, da Palestina como um Estado. Em represália, já no dia seguinte Tel Aviv divulgou a construção de mais 3 mil moradias nos territórios palestinos em Jerusalém Oriental e Cisjordânia.

O gabinete israelense rejeita terminantemente o novo status palestino, antecipando que ele não formará a base para as futuras negociações bilaterais. Segundo os israelenses, a ONU não teria o poder de modificar o status da Cisjordânia, que Tel Aviv denomina como "áreas disputadas".

Júbilo em Ramallah

Já em Ramallah, uma multidão saudou o retorno do presidente palestino, Mahmud Abbas, à capital da ANP neste domingo, após o sucesso da votação na ONU. "Deus sempre recompensa quem trabalha duro. Vocês são os arquitetos desta conquista e os donos desta vitória", declarou à população.

O confisco financeiro por Tel Aviv representa um acirramento nas já extremamente tensas relações entre israelenses e palestinos. Há algumas semanas o conflito no Oriente Médio vem se agravando devido aos repetidos disparos de mísseis sobre Israel, realizados pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza. As Forças Armadas israelenses reagiram em meados de novembro com uma ofensiva aérea sobre o território palestino, encerrada com um cessar-fogo uma semana mais tarde.

AV/afp/dpa/dapd
Revisão: Mariana Santos