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Emergência

Philipp Greiner (sv)26 de julho de 2008

Governo italiano decreta estado de emergência no país, alegando aumento da imigração ilegal. Oposição e organizações de defesa dos direitos humanos acusam Berlusconi de racismo e xenofobia.

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Imigrantes na Ilha de Lampedusa: emergência do governo alarma populaçãoFoto: picture-alliance/dpa

O estado de emergenza, já decretado anteriormente para as regiões da Sicília, Apúlia e Calábria, foi ampliado na Itália para todo o país. Do ponto de vista administrativo, justifica o ministro do Interior, Roberto Maroni, isso deve significar que os imigrantes ilegais poderão ser levados para alojamentos localizados ao norte do país, não permanecendo mais somente sob a responsabilidade dos governos das regiões do sul.

A Ilha de Lampedusa, no sul da Itália, é procurada pela maioria dos refugiados que chegam em embarcações pelo Mar Mediterrâneo. A pequena ilha está subordinada ao governo da Sicília, mas geograficamente fica mais perto do continente africano do que da Europa.

Entre janeiro e junho deste ano, chegou à Itália quase o dobro do número de imigrantes que chegaram no primeiro semestre de 2007. Foram 10.600 pessoas, enquanto no mesmo período do ano anterior eram 5400.

Tiros em barcos

Italien Innenminister Roberto Maroni
Ministro italiano do Interior, Roberto Maroni: uma das cabeças da Lega NordFoto: AP

Embora o estado de emergência seja decretado na Itália com determinada freqüência, como por exemplo em função de catástrofes naturais de médio alcance, a postura do ministro vem sendo criticada pela oposição e por diversas organizações de ajuda humanitária no país.

Maroni, além de titular da pasta do Interior, é um dos principais representantes da Lega Nord, partido regional do norte da Itália, conhecido pela defesa de posturas extremament racistas e xenófobas. Foi o presidente do partido, Umberto Bossi, que há alguns anos questionou por que a Itália haveria de ter uma marinha de guerra, "já que não era permitido atirar nos barcos de imigrantes".

Alarme desnecessário

Maroni revida as atuais críticas, lembrando que "o governo Prodi, em 2007, tomou a mesma medida". Argumentos semelhantes são usados por Ignazio La Russa, ministro da Defesa: "A emergência serve para organizar melhor os problemas da imigração ilegal dentro do país. Já existia sob o governo Prodi e agora foi ampliada para todo o território nacional", diz La Russa.

Die italienische Küstenwache mit illegalen Einwanderern
Guarda costeira italiana com refugiados detidos a bordoFoto: AP

O problema é que o decreto de um estado de emergência alarma desnecessariamente a população, acusa Ermete Realacci, do Partido Democrático. "Se fosse apenas a forma burocrática para lidar com a questão não haveria problema algum. Isso realmente já existia antes da troca de governo. Mas o que os políticos da atual coalizão de governo fazem é usar essas medidas para deixar a população ansiosa e sob tensão, o que achamos desnecessário", elucida Realacci.

Representantes da organização humanitária Comunità di Sant'Egidio, ligada à Igreja Católica, temem que por trás da emergenza se esconda o desejo do governo Berlusconi de facilitar a deportação de estrangeiros. Muitos destes fugiram de situações de guerra na Eritréia ou na Somália, cujo retorno aos países de origem é simplemente impensável.