Itália impõe quarentena a um quarto da população
8 de março de 2020O governo da Itália anunciou uma série de medidas drásticas para conter o avanço do novo coronavírus. Neste domingo (08/03), o primeiro-ministro do país, Giuseppe Conte, assinou um decreto que colocou em quarentena a maior parte do norte do país, impondo restrições ao deslocamento de pelo menos 16 milhões de pessoas.
A medida representa o esforço mais abrangente fora da China para conter o avanço da doença. A Itália é o terceiro país mais afetado pelo novo coronavírus, depois da China e da Coreia do Sul. O governo italiano já registrou mais de 7,3 mil casos de contaminação e 366 mortes.
Além de isolar o norte do país, o governo de Conte ordenou o fechamento de cinemas, museus, teatros e piscinas públicas em todo o território italiano. O fechamento desses locais, assim como a quarentena no norte, deve valer até pelo menos 3 de abril. Empresas também foram orientadas a permitir que seus funcionários possam trabalhar de casa.
A imprensa italiana informou que também serão proibidos casamentos, funerais, eventos esportivos e culturais, e que bares que não impuserem regras para que clientes mantenham distância um do outro podem sofrer sanções. Nesta semana, o governo já havia anunciado o fechamento de todas as escolas e universidades em todo o país até pelo menos 15 de março.
A quarentena imposta ao norte afeta toda a região da Lombardia e outras 14 províncias. Os moradores vão precisar de uma permissão especial para deixar a região, assim como habitantes de outras províncias que desejarem se deslocar para o norte. A medida afeta diretamente cidades como Milão, a capital econômica do país, e Veneza.
Antes da publicação do decreto, apenas algumas regiões específicas do norte do país haviam sido colocadas em quarentena, afetando cerca de 50 mil pessoas. A ampla quarentena imposta neste domingo é similar à que foi imposta em janeiro na província chinesa em Hubei, onde fica a cidade de Wuhan, considerada o epicentro do surto de covid-19.
Conte declarou na madrugada deste domingo que o decreto é difícil, mas necessário para "conter a propagação do contágio". "Ao mesmo tempo, devemos reagir para não sobrecarregar os hospitais", frisou o primeiro-ministro italiano. "Não podemos mais permitir que as pessoas sejam infectadas."
"Essas medidas causarão situações problemáticas, mas este é o momento de responsabilidade, e não de preparação. Devemos proteger a nossa saúde, especialmente a dos nossos avós", afirmou Conte. "Assumimos total responsabilidade política por esta decisão. Estamos convencidos de que essa emergência será superada."
Ainda neste domingo, o papa Francisco celebrou a Oração do Angelus a partir da Biblioteca do Palácio Apostólico. A cerimônia foi exibida por vídeo para evitar a aglomeração na Praça São Pedro.
JPS/lusa/afp/ots
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