Desastre ambiental
26 de fevereiro de 2010Uma corrida contra o tempo mobilizou a Itália para impedir que uma gigantesca mancha de óleo alcance o delta do rio Pó. Na última terça-feira (23/02), um vazamento de diesel e outros combustíveis às margens do rio Lambro, afluente do Pó, provocou o acidente ambiental.
Apesar de o óleo já ter coberto 200 quilômetros das águas, há a expectativa de que a mancha seja contida ainda nesta sexta-feira (26/02). "Acredito que nas próximas 24 horas conseguiremos absorver grande parte do óleo", declarou Guido Bertolaso, chefe da Defesa Civil italiana.
A maior operação se concentra, neste momento, na região de Piacenza, onde se espera conter a maior parte do problema antes que ele chegue ao território de Parma, explicou o chefe de segurança pública da cidade, Gabriele Ferrari.
Caso os esforços de barrar o óleo falhem, a mancha deve atingir o Mar Adriático no próximo domingo. Vittorio Cogliati Dezza, presidente da Legambiente, a maior associação ambientalista italiana, acusa o governo central e as autoridades regionais de "demoras inacreditáveis" e de "subestimar a situação".
Ação intencional
As toneladas de diesel e outros combustíveis que contaminaram o maior rio italiano saíram dos tanques de armazenamento da empresa Lombarda Petroli, uma refinaria abandonada nas proximidades de Monza.
"Estamos falando de 400 mil litros", disse Ferruccio Melloni, diretor da agência de proteção ambiental Emilia Rosa. Há estimativas, no entanto, de que de 600 mil litros tenham alcançando as águas do Pó.
Segundo declarações oficiais, o caso pode se tratar de um ato de sabotagem. Os reservatórios "foram abertos por alguém que tinha familiaridade com o local e sabia como operá-los", declarou Cinzia Secchi, porta-voz do governo de Milão, um dia após o vazamento.
Impacto ambiental
A região do rio Pó abriga a mais importante zona industrial e agrícola na Itália. O delta do rio é considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.
Segundo a organização WWF, o acidente coloca o ecossistema em perigo, especialmente os alagados do delta, área importante para migração e invernada de aves.
A pesca na região já foi proibida e fazendeiros temem que a contaminação possa atingir também as águas subterrâneas e canais de irrigação.
A ministra italiana do Meio Ambiente, Stefania Prestigiacomo, visitou a área afetada e pediu à Justiça que encontre rapidamente o responsável pelo desastre. Em declaração à imprensa nacional, a ministra classificou o vazamento como "um verdadeiro ataque ao meio ambiente e à saúde dos cidadãos".
NP/afp/dpa/rts
Revisão: Augusto Valente