Itália teme nova onda de terror de esquerda
20 de março de 2002Depois que o assessor do governo italiano Marco Biagi, de 51 anos, foi abatido a tiros na porta de sua casa em Bolonha, na noite de terça-feira (20), teme-se uma nova onda de terror de extrema-esquerda na Itália. Perto do lugar do crime foram descobertas, numa parede, duas estrelas de cinco pontas, o símbolo do grupo Brigadas Vermelhas, responsável por numerosos atentados nos anos 70 e 80, entre eles o seqüestro e morte do ex-primeiro-ministro democrata-cristão Aldo Moro, em 1978. Os dois jovens assassinos do economista do Ministério do Trabalho fugiram numa motocicleta.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, reagiu ao atentado de Bolonha advertindo do perigo cada vez mais atual de terrorismo, que tem de ser combatido com toda a força necessária. O Ministério Público de Bolonha atribuiu o atentado aos planos do governo de centro-direita de reduzir as garantias no emprego.
Biagi havia se engajado pelas reformas dos direitos trabalhistas que, segundo os sindicatos, concedem grandes liberdades às empresas para demitir empregados. Por isso o governo Berlusconi vem sendo criticado duramente nas últimas semanas. Os sindicatos esperam um milhão de pessoas para o grande protesto que convocaram para o próximo sábado, em Roma. Depois da morte de Biagi, a manifestação será também contra o terrorismo.
Os três maiores sindicatos da Itália anunciaram uma greve geral para quarta-feira próxima, a fim de "protestar contra a volta do terrorismo". Eles tinham planejado uma greve geral para o próximo mês como protesto contra as reformas da legislação trabalhista. Os sindicalistas queriam convocar os trabalhadores italianos a encerrarem o trabalho duas horas mais cedo nesta quarta-feira. Em Bolonha, eles deveriam retornar para casa quatro horas mais cedo. Além disso, havia manifestações programadas em várias cidades, entre elas Milão e Bolonha.
Possíveis vítimas
- Em um relatório ao Parlamento, na semana passada, o serviço secreto tinha advertido os representantes do governo para ataques de terroristas de esquerda. As possíveis vítimas seriam políticos, sindicalistas e empresários engajados em reformas econômicas e sociais. Os mais ameaçados seriam peritos e conselheiros.O ministro do Interior, Claudio Scajola, disse que a morte do conselheiro Biagi lembra o assassinato ainda não esclarecido do perito em legislação trabalhista Massimo D’Antona. O atentado em 1999 foi assumido pelo grupo Brigadas Vermelhas.