Violência nos estádios
8 de fevereiro de 2007A morte do policial Filippo Raciti, 38 anos, resultou em novas regras para o futebol italiano. A partir de agora, os jogos só poderão ser assistidos pelos torcedores em estádios que estiverem com suas medidas de segurança de acordo com as normas da Lei Pisanu. A lei, que estabelece, entre outros, as normas de segurança básicas a serem seguidas pelos estádios de futebol, já está em vigor há dois anos, mas mesmo assim ainda não é cumprida em todo o país.
Depois do último fim de semana com os jogos cancelados, a 22ª rodada do Campeonato Italiano só está planejada para o dia 18 de abril. Para este fim de semana, quando o campeonato será retomado, já são cinco os jogos que não terão platéia.
Os chamados jogos-fantasma foram a solução mais imediata para que o campeonato não fosse cancelado de vez. Os estádios, portanto, continuarão a sediar os jogos, mas não receberão torcedores. A decisão das ''portas fechadas'' será mantida até que novas soluções para a segurança dos torcedores nos estádios sejam encontradas.
Fora dos estádios é ainda pior
Gunter A. Pilz, sociólogo especializado em esportes, acredita, entretanto, que não é só a segurança nos estádios que vai acabar, com o problema da violência relacionada ao futebol. Segundo ele, em uma entrevista concedida à DW-WORLD, a violência fora dos estádios é muito mais grave. ''O policial da Itália não morreu no estádio, mas na rua. A violência nos arredores dos estádios é muito pior, porque o controle é muito mais difícil.''
Para Pilz, isso não exclui a necessidade de melhorar o sistema de segurança em cada estádio, pois esse seria um dos meios de combater a violência relacionada ao esporte. Ao fazer uma comparação com o futebol alemão, ele afirma que o problema dos hooligans no país só persiste nos lugares onde a segurança dentro dos estádios é deficitária.
Violência no esporte é um problema social
Segundo o sociólogo, o problema da violência no futebol não é apenas relacionado ao esporte: é uma questão social. Por isso, a esfera política tem o dever de encontrar soluções para diminuir o problema. Por outro lado, os clubes que não fazem nada contra o comportamento violento de seus torcedores também são culpados pelo que acontece.
Pilz acredita que a Alemanha pode servir de modelo para os vizinhos italianos. O país, nos anos 1980, enfrentou um problema semelhante com os hooligans e conseguiu minimizá-lo a partir de alianças entre governo e clubes. O programa Sport und Sicherheit [Esporte e Segurança] determina que de um lado estão as normas para medidas de ordem e segurança nos etádios, além de regras para a conduta da polícia. Do outro lado estão os projetos com torcedores, que cada cidade deve ter em conjunto com um clube de futebol, e que devem ser independentes do trabalho social-pedagógico que os clubes fazem com seus torcedores.
O sociólogo lembra que os problemas com hooligans não foram exterminados, mas afirma que é muito mais fácil controlar a situação quando eles ocorrem. Graças ao Sport und Sicherheit.