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Janot denuncia Aécio por corrupção e obstrução da Justiça

3 de junho de 2017

Em denúncia enviada ao STF, procurador-geral acusa senador afastado de ter pedido 2 milhões de reais a Joesley Batista, da JBS. Também são denunciados irmã e primo de tucano, e ex-assessor do senador Zeze Perrella.

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Trata-se da primeira denúncia contra Aécio, que é alvo de outros sete inquéritos no Supremo
Trata-se da primeira denúncia contra Aécio, que é alvo de outros sete inquéritos no SupremoFoto: Reuters/U. Marcelino

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou nesta sexta-feira (02/06), ao Supremo Tribunal Federal (STF), o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça. A denúncia é baseada nas delações dos executivos da JBS.

O tucano é acusado de ter pedido 2 milhões de reais ao empresário Joesley Batista, além de ter agido para tentar impedir os avanços da Operação Lava Jato. Janot solicitou ainda a abertura de um novo inquérito para investigar o crime de lavagem de dinheiro.

A denúncia também envolve a irmã do parlamentar, Andrea Neves; o primo, Frederico Pacheco; e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zeze Perrela (PMDB-MG). Acusados de corrupção passiva, eles foram presos na Operação Patmos, deflagrada em 18 de maio.

De acordo com o procurador-geral, Pacheco e Souza Lima teriam recebido os 2 milhões de reais, entregues em quatro parcelas de 500 mil reais. Andrea teria feito o primeiro contato com Joesley.

Como prova, a denúncia menciona uma gravação feita pelo executivo durante uma conversa com Aécio em março, num hotel em São Paulo. "Dentre diversos assuntos tratados, há a confirmação do pedido de dois milhões de reais em vantagem indevida, inicialmente solicitado por Andrea Neves da Cunha, sendo o pedido confirmado e reforçado pelo próprio Aécio", diz o documento.

Janot pede que o parlamentar e sua irmã sejam condenados a pagar uma multa no valor de 6 milhões de reais por danos morais – 2 milhões "a título de propina" e 4 milhões ligados à acusação de corrupção.

Defesa de Aécio

Em nota, a defesa do senador afastado disse que recebeu "com surpresa a notícia" da denúncia, que teria sido feita de forma precipitada. Os advogados apontam que "diversas diligências de fundamental importância", como o depoimento de Aécio e a perícia nas gravações, ainda não aconteceram.

"A defesa lamenta o açodamento no oferecimento da denúncia e aguarda ter acesso ao seu teor para que possa demonstrar a correção da conduta", afirmam os advogados.

Essa é a primeira denúncia contra Aécio, e também a primeira no âmbito das delações de executivos da JBS. Cabe agora ao ministro do STF Marco Aurélio analisar o pedido e levá-lo a julgamento pela Primeira Turma da corte. Se os ministros acatarem a denúncia, Aécio se torna réu.

O tucano responde a outros sete inquéritos no Supremo, cinco em relação com as delações de executivos da Odebrecht, um sobre o esquema de corrupção em Furnas, e outro sobre intervenção durante a CPI dos Correios, em 2005.

EK/abr/ots