Japão investirá bilhões contra influência chinesa na África
27 de agosto de 2022Participando à distância da 8ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano, em Tunes, o primeiro-ministro da Japão, Fumio Kishida, prometeu contribuir com 30 bilhões de dólares ao longo de três anos, como parte do esforço para combater a crescente influência da China no continente.
Enquanto Pequim intensifica sua influência na África através de investimentos de grande porte, observadores têm expressado preocupação com a sustentabilidade dos empréstimos que certas nações africanas têm feito com a China.
A África enfrenta algumas das consequências mais drásticas das turbulências na cadeia de suprimentos global e da inflação galopante. É reconhecendo esse clima geopolítico "complexo" que Kishida fez sua oferta.
O premiê japonês participou apenas em vídeo ao vivo da conferência deste domingo (27/08), após ter apresentado resultado positivo num teste recente de covid-19. Segundo ele, o futuro financiamento "inclui até 1 bilhão de dólares numa nova quota especial, a ser estabelecida pelo Japão, para promover reformas de consolidação dos débitos".
Tóquio está preparado para financiar até 5 bilhões de dólares junto com o Banco de Desenvolvimento Africano, acrescentou. Destes, 300 milhões de dólares se destinariam a fomentar a produção de alimentos, num momento em que os suprimentos globais de cereais estão bem abaixo da demanda, devido à guerra na Ucrânia.
"O mundo não pode continuar como está"
Outros 100 milhões de dólares ajudariam o país-anfitrião, a Tunísia, a mitigar os impactos da pandemia, explicou Kishida. Ele mencionou, ainda, a necessidade de proteger a ordem internacional baseada em regras, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A Tunísia está entre os países mais afetados pela dupla crise mundial provocada pela pademia de covid-19 seguida da guerra decretada por Moscou contra a Ucrânia.
O presidente tunisiano, Kais Saied, louvou a história do Japão como provedor de ajuda ao desenvolvimento: "O mundo não pode continuar como está. Com toda sua riqueza e recursos, a África não pode ficar olhando seu povo viver na pobreza."
Paralelamente, o atual evento gerou tensões entre Tunísia e Marrocos, devido ao convite do movimento Frente Polisario, que luta pela independência do Saara Ocidental, território que os marroquinos consideram seu.
av (Reuters,AFP)