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PolíticaJapão

Japão reconhece mais sobreviventes de Hiroshima

29 de julho de 2020

Justiça determina que 84 pessoas atingidas por "chuva negra" que caiu após bomba atômica, há 75 anos, terão direito a atendimento médico gratuito. Elas desenvolveram doenças como câncer e catarata devido à radiação.

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Foto em preto e branco mostra escombros de prédio e árvores mortas.
Em 6 de agosto de 1945, um bombardeiro nuclear praticamente varreu Hiroshima do mapaFoto: picture-alliance/dpa

Às vésperas dos 75 anos do ataque nuclear dos Estados Unidos contra o Japão, um tribunal de Hiroshima reconheceu pela primeira vez, nesta quarta-feira (29/07), como sobreviventes da bomba atômica as pessoas atingidas pela "chuva negra" radioativa que caiu após o bombardeio à cidade, no final da Segunda Guerra Mundial.

Agora, 84 pessoas que ingressaram com o processo, todas com idades entre 75 e 96 anos, devem passar a receber os benefícios médicos dados pelo governo às vítimas do ataque, conhecidas localmente como hibakusha.

Após a guerra, o governo japonês determinou certas áreas como significativamente impactadas pelo ataque e ofereceu assistência médica gratuita às pessoas que viviam nesses locais na época.

Os coautores do processo estavam em áreas fora dessa zona, mas foram expostos à "chuva negra" radioativa após o ataque de 6 de agosto de 1945. Além disso, ingeriram água e alimentos contaminados, desenvolvendo doenças como câncer e catarata. À Justiça, eles argumentaram que sofreram danos à saúde semelhantes aos das pessoas das áreas designadas pelo governo como mais afetadas.

As autoridades de Hiroshima pediram que a ação fosse julgada improcedente, argumentando que "não há evidências científicas para sustentar que choveu fora da área ou que os demandantes foram expostos o suficiente para afetar sua saúde", de acordo com declarações coletadas pela agência de notícias japonesa Kyodo.

No entanto, o juiz Yoshiyuki Takashima considerou que não havia nada de "irracional" no pedido. "Documentos médicos mostram que os residentes estão sofrendo de doenças que se acredita terem ligações com a bomba atômica e que cumprem as condições legais exigidas para hibakusha", afirmou Takashima à emissora japonesa NHK.

A decisão é considerada rara. Entre 2015 e 2018, os afetados pela "chuva negra" haviam solicitado diversas vezes, sem sucesso, o certificado de hibakusha. Depois do veredicto desta quarta-feira, um homem saiu do tribunal e desenrolou uma faixa onde se lia "vitória completa", enquanto era aplaudido.

Os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki

Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. Um em cada cinco moradores da cidade (cerca de 140 mil pessoas) morreu em questão de segundos, e Hiroshima foi praticamente varrida do mapa. 

Três dias depois, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem o plano. Cerca de 74 mil pessoas morreram.

A detonação da bomba atômica ainda é um dos temas mais debatidos da Segunda Guerra Mundial. Muitos defendem que ela foi necessária para pôr fim à guerra no Pacífico e salvar milhares de outras vidas, enquanto outros sustentam que o Japão teria se rendido de qualquer forma.

Até março deste ano, o governo japonês havia reconhecido 136.682 pessoas como hibakusha, incluindo as que moravam tanto em Hiroshima quanto em Nagasaki. Na próxima semana, o Japão realizará cerimônias que marcarão o 75º aniversário dos dois bombardeios.

LE/efe/afp

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