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Japão retoma caça comercial de baleias

1 de julho de 2019

Após três décadas, país asiático reabre oficialmente temporada de caça do animal para fins comerciais. Enquanto ativistas criticam, especialistas dizem que retomada pode selar o fim da indústria baleeira japonesa.

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Navios baleeiros japoneses no porto de Kushiro antes de partirem para a abertura da temporada de caça às baleias
Navios baleeiros japoneses no porto de Kushiro antes de partirem para a abertura da temporada de caça às baleias Foto: Reuters/K. Kyung-Hoon

O Japão retomou oficialmente a caça de baleias para fins comerciais, depois de um recesso de mais de três décadas. A decisão anunciada ainda em 2018 provocou indignação de ativistas ambientais, mas especialistas argumentam que a medida pode selar definitivamente o destino da indústria baleeira japonesa.

Embarcações baleeiras japonesas deixaram o porto de Kushiro, no norte do país, nesta segunda-feira (1º/07), para a primeira temporada de caça comercial japonesa de baleias em 31 anos. Tripulações de vários navios baleeiros decoraram suas embarcações com bandeiras de boa sorte. Cinco navios partiram de Kushiro ao som de buzinas e com lonas cinzentas sobre os arpões.

"Estamos muito empolgados com a retomada da atividade baleeira comercial", disse Yoshifumi Kai, chefe da Associação Baleeira de Pequenos Tipos do Japão, à agência francesa de notícias AFP. "Meu coração está cheio de esperança."

Em 1986, Tóquio prometeu obedecer à moratória mundial sobre a caça de baleias imposta pela Comissão Internacional da Baleia (CIB). Na prática, o Japão nunca suspendeu por completo a caça de baleias, recorrendo a uma lacuna da moratória que permite a captura de baleias para fins científicos e a caça aborígene de subsistência praticada por povos tradicionais em determinadas regiões. Tóquio defende que a caça e o consumo de carne de baleia fazem parte da tradição japonesa.

Após a proibição global, introduzida depois de algumas espécies terem ficado à beira da extinção, o Japão continuou a caçar baleias no Pacífico Norte e na Antártida, mas sempre alegou que os animais eram mortos para pesquisa científica.

Somente na temporada de caça de 2017-2018, os baleeiros japoneses mataram 333 baleias-anãs (também conhecidas como baleias-minke) em águas antárticas. Mais de 120 eram fêmeas grávidas.

Em dezembro, o governo japonês anunciou sua retirada da Comissão Internacional da Baleia e que retomaria a caça comercial em suas próprias águas territoriais. A frota de pesquisa deve agora fazer parte dos navios embutidos com a caça comercial de baleias.

Ativistas ambientais em todo o mundo criticaram a retirada de Tóquio. Durante a cúpula do G20 em Osaka nesta semana, celebridades como os atores Stephen Fry e Ricky Gervais e a primatologista Jane Goodall aderiram ao apelo dirigido aos líderes dos países presentes para impedir o Japão de retomar a caça comercial.

No entanto, alguns especialistas afirmaram que a decisão japonesa pode se tornar uma benção para os animais caçados. Isso porque o Japão somente irá caçar comercialmente em suas próprias águas, o que significa o fim de sua polêmica caça científica em locais sensíveis como a Antártida.

Além disso, a demanda por carne de baleia caiu significativamente nos últimos anos, e o governo também reduziu os subsídios para o setor.

"O que estamos vendo é o começo do fim da caça japonesa às baleias", disse Patrick Ramage, diretor de conservação marinha do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (Ifaw, na sigla em inglês). "O Japão está abrindo mão da caça de baleias em alto-mar. Ainda não é um ponto final, mas é um grande passo para o fim da matança de baleias por sua carne e outros produtos."

O Japão se juntou oficialmente à Islândia e à Noruega, únicos países que ainda praticam a caça de baleias para fins comerciais. Nesta semana, no entanto, a Islândia comunicou a suspensão da temporada baleeira de verão devido a preocupações financeiras, que incluem dificuldades de vender a carne no mercado japonês.

PV/rtr/afp

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