Jihadista alemão é condenado a 11 anos de prisão
16 de julho de 2015O ataque foi bem planejado: 1.600 jihadistas invadiram em fevereiro de 2014 a prisão central da cidade síria de Aleppo, equipados com tanques e metralhadoras pesadas. Sete pessoas morreram, sendo dois guardas e cinco presos.
Um dos participantes da invasão era Harun P., de 27 anos, que lutava no grupo terrorista Junud al-Sham, um rival do "Estado Islâmico". Ele confessou ter disparado um morteiro durante o ataque. Um ano depois, o rapaz, um alemão nascido no Afeganistão, foi preso em Praga quando tentava retornar à Alemanha.
A história de Harun P. continuará a ser escrita, só que agora numa prisão alemã, depois que o Tribunal Regional Superior de Munique o condenou nesta quarta-feira (15/07) a 11 anos de prisão por participação de uma organização terrorista e por tentativa de homicídio durante o ataque em Aleppo. Essa é a primeira pena de longo prazo para um repatriado da Síria na Alemanha. O veredicto se destina a dissuadir jovens de ideias semelhantes.
Presente para as agências de segurança
O processo foi também um presente para as autoridades alemãs e seus caçadores de terroristas. Pois Harun forneceu informações importantes em seu depoimento no tribunal, citando listas de nomes de outros jihadistas. Os detalhes precisos de responsabilidades e posições hierárquicas dentro da organização terrorista Junud al-Sham já puderam ser utilizados em outros dois processos contra supostos terroristas.
Especialistas em segurança festejaram a confissão, pois, segundo eles, é raro que um jihadista alemão repasse detalhes tão abrangentes. E as informações devem fornecer às autoridades muito material para novos processos penais.
A Alemanha atravessa uma verdadeira onda de processos contra terroristas que retornaram da Síria. Só este ano, a Procuradoria Geral apresentou acusações contra 23 homens, que ainda serão julgados.
As histórias desses supostos jihadistas são muito semelhantes. A maioria é jovem e imigrou para a Alemanha, radicalizando-se posteriormente no país. Eles chegaram às áreas de combate, em sua maioria, através da Turquia. Após chegar à Síria, a maioria fez, primeiramente, um treinamento com armas.
De acordo com as acusações, eles foram então aproveitados para diversas tarefas, como combatentes, mensageiros, transportadores de dinheiro, aliciadores de novos membros ou produtores de vídeos de propaganda.
Mais processos
Especialistas em segurança contam com um aumento dos processos, pois os novos conhecimentos adquiridos com os processos em curso aumentam a probabilidade de mais indiciamentos.
Já o fascínio provocado pela jihad na Alemanha e na Europa parece não ter fim. O Departamento Federal de Investigações (BKA, na sigla em alemão) avalia que 700 alemães já deixaram o país, com a ajuda de várias organizações terroristas, em direção às zona de guerra na Síria e no Iraque.
Cerca de 230 jihadistas já teriam retornado à Alemanha. Muitos deles também teriam cometido atos criminosos. Quem cai nas garras da polícia, no entanto, costuma muitas vezes afirmar que quis trabalhar na "ajuda humanitária".
A polícia e os serviços de inteligência até agora sabem muito pouco sobre os motivos por que essas pessoas voltam à Alemanha. Alguns parecem estar traumatizados com a crueldade da guerra, outros decepcionados com a vida diária como jihadista.
A maior preocupação para os especialistas em segurança é saber quantos deles ainda estão ativos como terroristas. Pois jihadistas ativos continuam perigosos, mesmo presos. Na penitenciária, eles conseguem com relativa facilidade aliciar jovens para a jihad.
Harun P. não deve ser um deles, pois sua extensa confissão fez com que ele passasse a ser odiado pela cena jihadista. Esse detalhe contribuiu para que o tribunal alemão emitisse um veredicto mais brando, reduzindo pena do jovem.