Jihadistas do "Estado Islâmico" mostram granadas alemãs em vídeo
22 de outubro de 2014Num vídeo divulgado na internet nesta terça-feira (21/10), combatentes da milícia terrorista "Estado Islâmico" (EI) aparecem com granadas de mão alemãs. As imagens mostram extremistas desempacotando os objetos cujas embalagens trazem a inscrição DM41 – designação de um modelo antigo fabricado na Alemanha.
No vídeo, os jihadistas encontram um pacote de armamentos que caiu de paraquedas num campo sob controle do EI. Não fica clara a origem das armas e como elas chegaram à Síria.
No início desta semana, os Estados Unidos haviam lançado armas e itens médicos para os curdos que lutam contra o EI na defesa da cidade síria de Kobane, na fronteira com a Turquia. De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, pelo menos uma caixa com armas lançadas pelos americanos foi capturada pelo EI.
Um porta-voz da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, disse nesta terça-feira que as granadas mostradas no vídeo não corresponderiam às que foram enviadas há cerca de um mês pela Alemanha às unidades curdas peshmerga que lutam contra o EI no norte do Iraque. Segundo ele, os curdos receberam o modelo sucessor do que é mostrado no vídeo, o DM51.
O Departamento de Defesa dos EUA afirmou considerar possível que, dos 28
carregamentos lançados aos curdos pelos americanos, pelo menos um tenha caído nas mãos dos jihadistas. O porta-voz do Pentágono John Kirby disse que não pode confirmar relatos de que o EI tenha capturado armas enviadas por aviões dos EUA. "A resposta curta é: não sabemos", declarou.
Nesta segunda-feira, o Comando Central americano havia anunciado ter destruído um carregamento de armas que caíra perto Kobane e não havia sido recolhido pelos curdos para evitar que caísse em mãos erradas. No entanto, Kirby disse na terça-feira que o pacote tinha sido atingido, mas que não estava claro se ele foi realmente destruído..
Os curdos em Kobane não quiseram revelar se armas alemãs estavam entre o carregamento lançado pelos Estados Unidos. O chefe administrativo de Kobane, Anwar Muslim, afirmou que não poderia dar qualquer informação, por se tratar de um assunto militar.
Ataques aéreos dos EUA continuam
Enquanto isso, aviões americanos continuaram os ataques aéreos perto de Kobane. Desde segunda-feira, quatro ataques foram realizados. Segundo o Comando Central, foi atingida uma "grande unidade do EI", assim como outras posições dos jihadistas, tendo sido destruído um dos prédios ocupados pelos radicais islâmicos.
Além disso, caças americanos teriam destruído no Iraque um posto do EI perto de uma refinaria de petróleo e a sudeste da represa de Mosul. Aliados da coalizão internacional também realizaram ataques contra o EI no Iraque. Todos os aviões retornaram seguros às bases.
Nos últimos dias, os combatentes do EI voltaram a intensificar os ataques em Kobane. Segundo o governo turco, do lado curdo não foi registrada a chegada de reforços até a noite de terça-feira, apesar de, no dia anterior, Ancara ter aberto a fronteira turca para passagem de combatentes curdos peshmerga do norte do Iraque. O objetivo é que eles ajudem na defesa de Kobane.
Genocídio e gás venenoso
Também nesta terça-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) acusou o "Estado Islâmico" de "tentativa de genocídio" em relação à minoria religiosa iraquiana yazidi. O representante de direitos humanos da ONU Ivan Simonovic disse em Nova York, depois de voltar de visita a áreas no norte do Iraque, haver evidências de que os jihadistas têm tentado extinguir a minoria, assassinando seus membros ou obrigando-os à conversão ao islamismo. Segundo ele, o procedimento do EI equivale a crime de guerra e a crime contra a humanidade.
Simonovic visitou as cidades de Erbil, Dohuk e Bagdá, onde se encontrou com funcionários do governo e refugiados. Entre eles estavam 30 yazidis, os quais relataram, entre outras coisas, uma execução em massa de membros da minoria que se recusaram a se converter ao islamismo.
Nas últimas semanas, dezenas de milhares de yazidis fugiram dos combatentes radicais, deixando várias cidades do norte do Iraque. O destino de centenas de mulheres e crianças desaparecidas continua incerto.
Ao mesmo tempo, rumores sobre um ataque com gás venenoso do EI em Kobane foram desmentidos por militantes da defesa dos direitos humanos. Testemunhas oculares da cidade no norte da Síria relataram que diversos moradores da localidade estariam sofrendo falta de ar e sintomas de intoxicação por gás venenoso.
Entretanto, a informação se refere a uma única pessoa. "Uma paciente que sofre alergia teve problemas devido à fumaça provocada pelos bombardeios", disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para Direitos Humanos. A pessoa foi tratada durante a noite, recebendo oxigênio, e já deixou o hospital.
MD/afp/dpa