Joe Rogan defende podcast após polêmica envolvendo Spotify
31 de janeiro de 2022Após o famoso cantor canadense Neil Young retirar suas músicas do Spotify por a gigante da tecnologia se negar a tirar do ar o controverso podcast The Joe Rogan Experience, acusado de disseminar informações falsas sobre a covid-19, o podcaster se defendeu, e o serviço de streaming anunciou esforços para combater a desinformação.
Num vídeo de 10 minutos divulgado no Instagram neste domingo, Rogan se desculpou ao Spotify pela polêmica, mas afirmou que, em seu podcast, apenas busca ter conversas com pessoas que têm diferentes opiniões e defendeu a participação de convidados com pontos de vista controversos.
"Não estou tentando promover desinformação, não estou tentando ser controverso. Nunca tentei fazer nada com esse podcast além de simplesmente conversar com pessoas", disse Rogan. "Não sei se [os convidados] estão certos, porque não sou médico nem cientista, sou apenas alguém que se senta e conversa com pessoas."
"Farei meu melhor para tentar equilibrar esses pontos de vista mais controversos com outras perspectivas", afirmou, insistindo que seu interesse é "contar a verdade".
Podcast polêmico
O podcast de Joe Rogan é um dos de maior sucesso do mundo e acumula milhões de reproduções. Em 2020, o comediante, que também é especialista em lutas e comentarista de UFC, assinou um contrato exclusivo de cerca de 100 milhões de dólares com o Spotify.
Em seu podcast, que tem mais de 10 anos, ele já entrevistou nomes como Elon Musk, Bernie Sanders, Macauley Culkin, Jay Leno e o brasileiro Rafinha Bastos.
No entanto, recentemente, Rogan vem sendo acusado de ter desencorajado a vacinação entre os jovens e de ter pressionado pelo uso da ivermectina contra o coronavírus, um remédio para vermes sem comprovação científica nenhuma contra a covid-19. Ele também já foi acusado de dar palco para extremistas.
No mês passado, o comediante entrevistou Robert Malone, que foi banido do Twitter por divulgar informações erradas sobre o coronavírus.
Na sexta-feira, a estrela do rock canadense Joni Mitchell seguiu o chamado de seu compatriota Neil Young e disse que iria retirar suas músicas do catálogo do Spotify por não concordar com a política da empresa de manter no ar um controverso podcast negacionista.
Centenas de cientistas e especialistas médicos assinaram uma carta aberta ao Spotify, dizendo que Rogan "difundiu repetidamente alegações enganosas e falsas em seu podcast, provocando desconfiança na ciência e na medicina" e "espalhou uma série de teorias da conspiração infundadas".
Reação do Spotify
"Tem havido muita discussão sobre informações relativas à covid-19 no Spotify. Ouvimos as críticas de vocês”, escreveu o presidente e fundador do serviço, Daniel Ek, no Twitter.
Num comunicado divulgado neste domingo, ele apresentou regras mais transparentes para a plataforma, incluindo a de inserir "avisos de conteúdo" em qualquer episódio de podcast que inclua uma discussão sobre a covid-19.
"Esse aviso direcionará os ouvintes ao nosso Covid-19 Hub [Guia da covid-19], um recurso que proporciona fácil acesso a fatos baseados em dados, informações atualizadas conforme compartilhadas por cientistas, médicos, acadêmicos e autoridades de saúde pública em todo o mundo, bem como links para fontes confiáveis", diz o comunicado.
Segundo Ek, que não mencionou Young ou Rogan, o novo esforço para combater a desinformação será aplicado em países em todo o mundo nos próximos dias.
"Há muitos indivíduos e visões no Spotify com os quais eu, pessoalmente, discordo fortemente", escreveu. "É importante para mim que não adotemos a posição de ser censor de conteúdo e, ao mesmo tempo, garantamos que há regras em vigor e consequências para aqueles que as violarem."
A empresa havia afirmado anteiormente que removeu "mais de 20.000 episódios de podcasts relacionados à covid desde o início da pandemia".
Rogan saudou o anúncio do Spotify de acrescentar "avisos de conteúdo" antes de podcasts relacionados à covid-19.
lf (Reuters, AP, AFP)