Johnson sob pressão após visita da polícia
23 de junho de 2019Cresce a pressão sobre o ex-ministro do Exterior britânico Boris Johnson. Membros de alto escalão de sua legenda, o Partido Conservador, criticaram o silêncio dele sobre uma suposta visita policial que recebeu durante umabriga doméstica com sua namorada, na madrugada de sexta-feira.
O caso dominou as primeiras páginas dos jornais britânicos no sábado e também neste domingo (23/06). Johnson é considerado favorito na corrida pela sucessão da primeira-ministra britânica, Theresa May, mas pesquisas recentes mostram que o apoio a ele diminuiu.
De acordo com relatos da mídia, uma violenta briga com sua parceira, Carrie Symonds, provocou a ida da polícia à residência do ex-ministro. Segundo informações do jornal The Guardian, um vizinho preocupado alertou as autoridades depois de ouvir gritos e barulho de portas batendo no apartamento no sul de Londres.
Johnson tentou fugir do tema durante um evento de campanha no sábado, em Birmingham. "Eu não acho que as pessoas queiram ouvir sobre essas coisas", disse, durante sua apresentação aos afiliados conservadores, ao lado de seu adversário na disputa pela liderança partidária, o ministro do Exterior britânico, Jeremy Hunt.
O ex-ministro do Exterior Malcolm Rifkind criticou o silêncio de Johnson sobre o incidente: "O fato é que houve uma visita policial. Aí não dá para simplesmente dizer 'nenhum comentário'", frisou o político conservador em entrevista à emissora BBC Radio 5.
O ministro de Estado britânico para a Europa, Alan Duncan, também criticou a reação do colega de partido, dizendo ao jornal The Guardian que Johnson tem hoje um "grande ponto de interrogação sobre sua cabeça", frisando que Johnson sempre mostrou "falta de disciplina" ao longo de sua carreira.
Hunt também acredita que seu adversário tem obrigação de comentar o ocorrido. "Alguém que quer se tornar primeiro-ministro deve responder a perguntas sobre tudo", comentou à Sky News neste domingo.
Além disso, um vídeo publicado pelo jornal The Observer pode colocar pressão adicional sobre Johnson. Nele, o influente ativista de ultradireita Steve Bannon, ex-estrategista-chefe do presidente dos EUA., Donald Trump, afirma que contribuiu em 2018 para o discurso de renúncia de Johnson como ministro do Exterior.
O ex-chanceler britânico e o ideólogo de extrema direita americano conheceram-se quando ambos trabalhavam para seus respectivos governos, e teriam se encontrado não oficialmente em meados de 2018. Na época, Johnson afirmou que seu "suposto relacionamento" com Bannon era uma "ilusão da esquerda".
Segundo uma pesquisa realizada entre os eleitores britânicos para o jornal Mail on Sunday, Hunt ultrapassou seu adversário Johnson, que perdeu sete pontos percentuais. A liderança de Johnson sobre Hunt também caiu de 27% para 9% entre os eleitores do Partido Conservador.
O nome do novo chefe "tory" deve ser anunciado no fim de julho, após uma votação de quatro semanas, realizada entre os cerca de 160 mil afiliados do partido. O vencedor se torna automaticamente chefe de governo britânico.
MD/afp/dw
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