Protestos na Síria
11 de janeiro de 2012Pela primeira vez desde o início dos protestos há 10 meses, um jornalista estrangeiro foi morto na Síria. Nesta quarta-feira (11/01), a emissora France 2 TV confirmou a morte do francês Gilles Jacquier, que acompanhava uma equipe de reportagem pelo país, com a autorização pelo governo sírio. Outro membro da equipe também teria sido atingido, declarou a emissora.
Segundo a agência de notícias AFP, o repórter francês, que já havia trabalhado no Iraque, Afeganistão e no Kosovo, morreu após uma granada ser jogada próximo a um grupo de jornalistas durante protestos em Homs, um dos centros das manifestações contra o regime Assad. No ataque, de acordo com informações de ativistas, seis sírios foram mortos e diversas pessoas saíram feridas.
Para que a repressão aos movimentos de protesto contra Assad chegue ao fim, o governo alemão defendeu mais uma vez que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma resolução contra a Síria.
As Nações Unidas informam que, desde março do ano passado, mais de 5 mil pessoas foram mortas na Síria. Por esse motivo, a União Europeia (UE), os EUA e a Turquia impuseram um embargo de armas contra Damasco.
Um observador da Liga Árabe, entidade que enviou representantes para avaliar a situação na Síria, decidiu se retirar da missão. O argelino Anwar Malik afirmou ao site da emissora Al Jazeera que a atuação dos observadores estaria dando a Assad a oportunidade de matar ainda mais pessoas.
Síria como destino
Enquanto isso, a Rússia e o Irã ignoram o embargo de armas do Ocidente e continuam fornecendo material bélico a Damasco. A Turquia parou, em sua fronteira com a Síria, caminhões suspeitos provenientes do Irã, que, de acordo com informações da mídia local, estariam carregados de armas. Na costa do Chipre, foi interceptado um navio que transportava munição da Rússia para a Síria.
O navio carregado com 60 toneladas de munição partiu de São Petersburgo em direção ao porto sírio de Latakia. Como uma tempestade atingiu o navio e o combustível ficou escasso, o capitão se dirigiu, segundo fontes não oficiais, ao porto cipriota de Limassol.
Após uma vistoria rigorosa, foi concedida ao capitão permissão para continuar a viagem, afirmou o porta-voz do governo do Chipre nesta quarta-feira. No entanto, o governo em Nicósia pediu a garantia de que o navio e sua carga não teriam a Síria como destino.
"Conspiração estrangeira"
Além do Irã, a Rússia é um dos principais aliados do regime Assad, que desde março age com extrema violência contra os manifestantes. Segundo informações de opositores do regime sírio, 13 pessoas foram mortas por forças de segurança nesta quarta-feira. No dia anterior, 43 pessoas teriam morrido em todo o país, afirmam.
Na terça-feira, Assad declarou que continuará a agir com mão forte contra os "terroristas" e que não pensa em renunciar. Os protestos contra o seu regime seriam uma conspiração de potências estrangeiras, disse. Nesta quarta-feira, Assad apareceu rapidamente e sem aviso prévio numa manifestação de apoiadores do regime em Damasco. Ele exortou os milhares de manifestantes na Praça Ummayad a uma breve vitória dos sírios sobre os "conspiradores" estrangeiros.
Alemanha e Rússia
Em Berlim, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, declarou que "lamentavelmente" Assad não se demonstrou disposto a nenhum tipo de concessão. "É necessária agora uma ação clara do Conselho de Segurança da ONU".
Da mesma forma, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, criticou as declarações do presidente sírio. "Este foi um discurso decepcionante e um discurso de oportunidades perdidas", explicou. Para o porta-voz do Ministério alemão do Exterior, Andreas Peschke, o discurso seria motivo de grande preocupação, já que se pode presumir um endurecimento da situação na Síria.
Na terça-feira, a Alemanha criticou a posição russa nas Nações Unidas. No Conselho de Segurança da ONU, Moscou se opõe a uma condenação "unilateral" do regime Assad.
CA/afp/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer